quarta-feira, 22 de agosto de 2007

Ladainhas e Corridos Mestre Waldemar da Liberdade

Abra os olhos siri de mangue

Iê!

Mas abra os olho siri de mangue.
Abra os olhos siri de mangue.
Todo tempo não é um
A maré de março, ô meu bem.
É maré de guaiamum.

Entre grandes e pequenos.
Hoje não escapa um.
Siri tá se vendo doido,
Na presa do guaiamum.

Camaradinho!
Aquidenrrei!


Quatro coisa nesse mundo

Iê!

Quatro coisa nesse mundo.
Quatro coisa nesse mundo.
Que aperreia o cidadão.

Uma casa com pingueira,
um cavalo chotão’
uma mulé ciumenta
e um menino chorão.

Tudo isso se dá jeito.
O cavalo anegoceia,
o menino se aquelenta,
a casa retelha
e a mulher me cai na peia.

Camaradinha!
Aruandê!

Água de bebe.
Iê, água de bebe.
Ferro de bate.
Iê, ferro de bate.
Riachão

Iê!

Riachão tava cantando.
Riachão tava cantando, ô meu bem.
Na cidade do Açu.
Quando apareceu um nego, o meu bem.
Da espécie de urubu.

Tinha camisa de sola,
calça de couro cru.
Beiços grossos e virados, ô meu bem.
como a sola de um chinelo.

Um olho muito encarnado
outro bastante amarelo.
Ele chamou Riachão
para vir cantar o martelo.

Riachão a respondeu:
“Eu aqui não tô cantando
com negro desconhecido.
Voce pode ser cativo
e andar aqui fugido.”

Camaradinha!
Aruandê!

Vamos nos embora.
Ê vamos embora camará.
Pelo mundo a fora.
Ê pelo mundo a fora camará.
Ê galo cantô.

Ô nega que vende ai?
Arroz de Maranhão.
Ô nega que vende ai?
A moça mandou vende.
Ô nega que vende ai.
Arroz de Maranhão.


Ela tem dente de ouro


Iê!

Ela tem dente de ouro.
Ela tem dente de ouro.
Fui eu que mandei botá.
Vô roga uma praga.
Prá esses dente se quebrá.

Dela não me alembro,
nem quero me alembra.
Das horas amargurada, o iáiá.
Que com ela eu fui passá.

Na beira duma praia
em um bonito luar.
Ela me jurando, ô meu bem.
Que a outro não amava.

Fui prá ilha de maré
joga em Santa Rita.

Duas coisas nesse mundo
que em meu coração palpita.
É um berimbau coiceiro
e uma moça bonita.

Camaradinha!
Aquinderrê!

Vamos nos embora.
Iê, vamos embora camará
Pela barra a fora.
Iê, pela barra a fora camará.
Rio de Janeiro.
Iê, Rio de Janeiro camará.
Cidade da Bahia.
Iê, cidade da Bahia camará.


Eu vô vê lampião .na moita
Vô vê lampião na moita.
Adeus Santo Amaro.
Vô vê lampião na moita
Meu cumpadê amarra o bode.
Que eu também amarro o meu.
Adeus Santo Amaro vô vê lampião na moita.


Quebra, quebra jereba
Quebra tudo hoje amanhã o que quê quebra
Quebra, quebra jereba

Quebra tudo hoja amanhã nada quebra
Quebra, quebra jereba

Quebra tudo hoje amanhã quem que quebra
Quebra quebra jereba


Ê ê ê
Olha o homem que eu matei.
Ê ê ê
Na cadeia eu não vô
Ê ê ê
Olha o homem que eu matei.
Ê ê ê
Era um fino matador.
Ê ê ê.
E um fino matador
Ê ê ê
Amanhã eu vô me embora.
Ê ê ê
Por esse mundo de Deus.
Ê ê ê


Eu não sei como se diz

Iê!

Eu não sei como se diz.
Eu não sei como se diz.
Nesse mundo enganadô.

Fala muito é faladô.
Fala pouco é manhoso.

Como muito é guloso.
Como pouco é sovino.

Se bate é desordeiro, ô meu bem.
Se apanha é derrotino.

Trabalho de marimbondo.
Faze casa no capim.
Se o vento leva ela, ô iáiá.
Marimbondo leva frio.

Saberá quem te matô, ô meu bem.
Foi a lingua nesse mundo.
E tava com sede
tempo tava até ruim.

Eu sempre lhe dizendo
José já matou Caim.

Camaradinha!
Aquinderrei!



Ai Ai ai
Aquilelê
Ai ai ai
Aquilelê


Oia lá siri de mangue

Iê!

Óia lá siri de mangue.
Óia lá siri de mangue.
Todo tempo não é um.

Quanto tempo ocê não guenta
com a presa do guaiamum.

Já comprei todos tempero,
só faltô farinha e banha.

Eu não caio em arapuca
no laço ninguém me panha.

Iê! Viva meu Deus!



Marimbondo, marimbondo.
Me deu sinal.
Marimbondo me mordeu.
Me deu sinal.
Marimbondo me mordeu.
Me deu sinal.
Marimbondo apanhô.
Me deu sinal.
Marimbondo, marimbondo.
Me deu sinal.
Marimbondo, marimbondo.
Me deu sinal.


Pedro Cem



Lá no céu vai  quem merece.
Lá no céu vai  quem merece.
Na terra vale quem tem.
A soberba combatida, o meu bem.
Foi quem mato Pedro Cem.


Deus é pai de todos nós
Eu não sou pai de ninguém
Lá se foi minha fortuna
Reclamava Pedro Cem.
Ontem fui milionário.
Já tive hoje não tenho.

O que ontem me valia.
Hoje nem valia tem.
Batia de porta em porta 
Uma esmola a Pedro Cem
Que já teve hoje não tem

A quem eu neguei a esmola.
Hoje me negue também.
Nasci num berço dourado
Dormi num colchão macio 
Hoje morro no relento
Nesse imundo e chão frio

A justiça examinando, o meu bem.
No bolso de Pedro Cem.
Encontrou uma mochila
Dentro dela um vintém.
Um letreiro que dizia
Uma esmola a Pedro Cem
Que já teve, hoje não tem.

Camaradinha, Arundê

Iê, Aruendi


O Diabo respondeu ...



Eu já canto a muitos anos.
Eu já canto a muitos anos.
Não vô em toda função.
Algo contraditório, o meu bem.
Com essa fúria de leão.
Nunca se esperiente, o meu bem.
Com ânsia de libertação

O diabo respondeu.
Voce hoje fica sabendo.
Que o peso de um cantadô.
De manter obediência
Conhecer o meu valor
Quando me vê outra vez
Me chama de professor

Ah, Ah.

Me diga de onde vem.
Me diga para onde vai.
Se é casado ou solteiro.
Que trabalho você faz.

O diabo respondeu.
Não tenho superior.
Sô filho da liberdade.
Eu não conto minha vida.
Pois não há necessidade.
Eu não sô foragido
Nem gosto de autoridade

Camaradinha.

Iê, Galo cantou.
Iê, cocorocou
Iê, água de bebê.


O valente Vilela



Senhores peço licença.
Senhores peço licença, o meu bem.
Para lhes conta uma história.

O valente Vilela.
Trago sempre na memória.
Entoou por quinze anos.
Sempre a canção da vitória.

Ali tinha um capitão.
Um sujeito muito ousado.
Disse eu vou na Serra Torta.
Trago Vilela amarrado.

No outro dia bem cedo.
Marcharam para o lugar.
Onde morava Vilela.
O povo foi ensinar.

Chego lá o capitão.
Mandou a casa cercar.
Cercaram ali a casa.
Ficaram de prontidão.

Vilela abre a porta, o meu bem.
Por ordem do capitão.
Você ouve direitinho.

Vilela tava em casa.
Sem nada disso saber.
Porque vocês vão se embora.
Não venham me aborrecer.

Responda me soldado.
Responda me soldado.
Se veio matar ou morrer.

O soldado respondeu.
Não vim matar nem morrer.
Ta enganado sujeito.
Por ordem do delegado, o meu bem.
E do juiz de direito.
Você hoje me dá conta.
Das morte que já tem feito.
Eu aqui na Serra Torta.
Já fico como um comum
Porque quem mata cem.
Também mata cento um.

Camaradinha.

Aquinderrei.


Cobra assanhada



Quando vê cobra assanhada.
Não bote o pé na ródia.
Se a cobra assanhada morde.
Se eu fosse cobra mordia.

Cachorro que engole osso nalguma coisa se fia.
Ou na goela, ou na garganta, ou em outra freguesia.

Prenderam Pedro Mineiro.
Dentro da secretaria.
Para dar depoimento.
Daquilo que não sábia.

Camaradinha.

Aruandi.

Vamos nos embora

Ai ai ai

Olelê.

10 comentários:

  1. Várias falas nas musicas mal interpretadas, tem que ouvir melhor os udios e corrigir . abraços, parabens pela pagina.

    ResponderExcluir
  2. Concordo tem algumas correções a serem feitas onde tem moça é "Roxa" que é igual em sentido a mulata ou morena. Derrotino é "se apanha é Mufino". Observe.

    ResponderExcluir
  3. E santo Amaro vo vê lampião na moita

    ResponderExcluir
  4. Afe na rua, as ladainhas todas erradas

    ResponderExcluir
  5. Nossa, td errado! Gente vam corrigir...não da pra deixar assim...

    ResponderExcluir
  6. Vc poderia colocar também as ladainhas que o mestre Waldemar cantou o corta braço

    ResponderExcluir
  7. Poucas correções dentro do meu pouco conhecimento, quem for capoeira deve agradecer este resgate importantíssimo.

    ResponderExcluir
  8. Tive a impressão de que algumas palavras não correspondiam, porém sanei muitas dúvidas, achei ótimo adorei,,, aprendi muito parabéns pelo trabalho maravilhoso.

    ResponderExcluir
  9. Que coisa hein! Tanta cantoria errada, obrigado 🙏 valeu!

    ResponderExcluir