terça-feira, 31 de janeiro de 2012

A Guarda Negra

A capoeira, como já foi dito na última edição do Boletim Eletrônico CPPA, participou de importantes momentos históricos do Brasil. Isso pode ser visto através do grupo conhecido como Guarda Negra, que, de acordo com o pesquisador Frederico de Abreu era:

“Mal vista pelos ameaçados e vitimados pela violência das suas ações – era uma milícia, formada por capoeiristas e capadócios, dispostos à força da navalha, do cacete e do “pau de fogo”, [para] manter a ordem imperial. Foi criada no Rio de Janeiro e acorbertada pelo gabinete de João Alfredo (ministro imperial), apelando-se no recrutamento dos membros, para os negros gratos à princesa Isabel pela assinatura da Lei Áurea. Foi vista e estudada, também, como movimento negro de apelo racial contra os brancos e como um “partido político”, programado para definir posições de participação dos negros na vida política do país, pós-escravidão, como desejava José Patrocínio, seu idealizador. Espalhou-se para outros lugares do Brasil, em especial, Salvador e Recife, que como o Rio de Janeiro, eram outros importantes núcleos da capoeira”. (p. 35)

A Guarda Negra foi criada por volta de 1888, com o objetivo de lutar contra os republicanos. Existe uma linha de pensamento que acredita que os negros e capoeiristas defendiam a monarquia por gratidão à Princesa Isabel, que os libertou da escravidão em 13 de maio de 1888.

Após a Proclamação da República, que ocorreu em 15 de novembro de 1889, a Guarda Negra foi dissolvida e os capoeiras passaram a ser ferrenhamente perseguidos. O Presidente Marechal Deodoro da Fonseca, nomeou o advogado João Batista de Sampaio Ferraz – “um capoeira amador que se destacara como promotor público na corte –, para chefe de polícia” (Nestor Capoeira, p. 43) Sampaio Ferraz, que ficou conhecido como “Cavanhaque de Aço”, aceitou o cargo com uma única condição: “carta branca para agir contra a maior praga que assolava as ruas do Rio de Janeiro, os capoeiras” (Izabel Ferreira, p. 46).

Referências:

- Abreu, Frederico José de. Macaco Beleza e o Massacre do Tabuão. Salvador, Barabô, 2011.

- CAPOEIRA, Nestor. Capoeira: O pequeno manual do jogador. Rio de Janeiro, Record, 1999.

- FERREIRA, Izabel . A Capoeira no Rio de Janeiro:1890-1950. Rio de Janeiro, Novas Idéias, 2007.

Samuel Querido de Deus

“...elegância assim nunca se viu...”

Jorge Amado

Muitas histórias já foram contadas sobre Samuel Querido de Deus, mas pouco se sabe de real sobre a vida do famoso e lendário capoeirista, não se sabe ao certo nem seu nome e sua data de nascimento. O que se tem conhecimento é que era pescador e saveirista. Era, também, considerado pelo povo baiano e por alguns escritores como um dos maiores capoeiristas de todos os tempos.

Sua fama se deu por volta dos anos 30 e 40 do século XX. Uma época em que muitos estrangeiros visitavam a Bahia com o intuito de conhecer a capoeira e muitos deles queriam conhecer o famoso Samuel Querido de Deus.

Em 1937, Samuel Querido de Deus participou do 2º Congresso Afro-Brasileiro, realizado em Salvador.

No livro Bahia de Todos os Santos, guia de ruas e mistérios da cidade de Salvador, o escritor Jorge Amado afirmou que não havia melhor jogador de capoeira do que Samuel Querido de Deus e descreveu sua fisionomia:

“Sua cor é indefinida. Mulato, com certeza. Mas mulato claro ou mulato escuro, bronzeado pelo sangue indígena ou com traços de italiano no rosto anguloso? Quem sabe? Os ventos do mar nas pescarias deram ao rosto de Querido de Deus essa cor que não é igual a nenhuma cor conhecida, nova para todos os pintores.”

O escritor também narra uma história em que dois cinegrafistas queriam filmar uma luta de capoeira e Samuel Querido de Deus foi um dos jogadores. Ao final, Querido de Deus cobrou pela filmagem do jogo um valor muito alto, o mesmo valor que uns americanos pagaram para vê-lo lutar. Então, explicaram a ele que os cinegrafistas eram brasileiros, “gente pobre”, e “Samuel Querido de Deus abriu os dentes num sorriso compreensivo. Disse que não era nada e convidou todo mundo para comer sarapatel no botequim em frente”.

Jorge Amado também fez de Samuel Querido de Deus, um de seus personagens do livro Capitães de Areia, que se tornou filme em 2011. Um pouco mais da história – real ou fictícia – deste grande capoeirista pode ser encontrado no livro de contos Santugri: Histórias de Mandinga e Capoeiragem, de Muniz Sodré.



Referências:

- ABIB, Pedro (org). Mestres e Capoeiras Famosos da Bahia. Salvador, EDUFBA, 2009.

- AMADO, Jorge. Bahia de todos os Santos, guia de ruas e mistérios da cidade de Salvador. Salvador, Martins Editora, 1970.

- SODRÉ, Muniz. Santugri: Histórias de Mandinga e Capoeiragem. Rio de Janeiro, José Olimpo Editora, 1988.

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

EVENTO GCAP 2012

Solta a mandinga ê,angoleiro
09 a 12 de fevereiro de 2012



Quinta - feira ( 09/02 )
17:00 h - Credenciamento
19:00 h - Roda dos Mestres

Comemoração do aniversário do Mestre Moraes

Sexta - Feira ( 10/02 )
9:00 h às 11:00 h - Oficina de capoeira com Mestre Moraes e Cobra Mansa
14:00 h às 16:30 h - Roda Orientada: aspectos ritualísticos com Mestre Moraes
17:00 h às 19:00 h - Mesa redonda " O forte e a capoeira: passado e presente
19:30 h às 21:30 h - Roda de Capoeira ( restrita aos inscritos na oficina e aos mestres convidados )

Sábado
9:00 h às 11:00 h - Oficina de capoeira com Mestre Moraes
14:00 h às 15:00 h - Papoeira ( tema livre )
15:15 h às 16:30 h - Interpretação de ladainhas com Mestre Moraes
17:00 h às 18:30 h - Palestra: " Em busca do Engolo: raízes da capoeira - ( Mestre Cobra Mansa )

Domingo
9:00 h ás 11:00 h - Roda de encerramento aberta
12:00 h - Feijoada para os inscritos e convidados


Inscrição através do e-mail gcap.bahia@yahoo.com.br