quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Mestre Pastinha e a não violencia na Capoeira

Mestre Pastinha e a não-violência na Capoeira Angola




A Capoeiragem no início do Século XX, no Rio de Janeiro e em Salvador
CAPANGAGEM POLÍTICA E REPRESSÃO POLICIAL – AS MALTAS DO RIO DE JANEIRO
No final do Século XIX, havia uma intensa perseguição à prática da capoeiragem no Rio de Janeiro. Até então, maltas de capoeiras interviam ativamente no processo político-eleitoral, dissolvendo comícios e empastelando jornais adversários. Segundo Carlos Líbano, em seu livro A Negregada Instituição (1994), a aliança entre maltas de capoeiras e os monarquistas atravessa 20 anos da vida política do país (1870-1890), culminando com a criação da Guarda Negra e desmoronando com o fim do regime. A jovem república, para a qual a ação política dos capoeiras, ligados ao mundo das ruas, era potencialmente perigosa, cria instrumentos legais de repressão aos mesmos. O Código Penal de 1890, no artigo intitulado "Dos vadios e capoeiras" criminalizava a capoeiragem e a vadiagem, prevendo como punição, inclusive, a deportação para ilhas-prisão como Fernando de Noronha.
Diferente da maioria das interpretações, que enxerga as maltas como grupos marginais que agiam movidos pelo dinheiro, comandados a bel-prazer pelos grupos políticos dominantes, Líbano afirma que
o papel exercido por estes grupos era fruto de uma opção política. (...) Uma opção alimentada por uma ânsia de participação no processo político, e por uma visão política muito especial, parte de um processo de partidarização do cotidiano politizado das classes populares urbanas. (SOARES, 1994: 207-242)

RACIALISMO E CONTROLE SOCIAL NA CIDADE DA BAHIA
Na cidade de Salvador, a repressão não foi direcionada ao fenômeno da capoeiragem em si, como no Rio de Janeiro, mas foi concentrada nos terreiros de culto afro-brasileiro e nos ambientes boêmios, palcos da capoeiragem baiana. A partir do estudo sistemático de arquivos policiais do início do século passado em Salvador, Josivaldo Pires (contramestre Bel) conclui: "podemos afirmar que a repressão à capoeiragem em Salvador foi resultante da perseguição aos agentes dessa prática cultural, mas que nem sempre estes eram os vagabundos apontados pelo discurso da ordem". (OLIVEIRA, 2005: 121)
O início do Século XX foi intensamente marcado pelas teorias racistas de intelectuais como Cesare Lombroso, Arthur Gobineau e Nina Rodrigues, este pioneiro dos estudos negros na Bahia e patrono do Instituto Médico Legal - IML da Polícia Civil (que continua recolhendo principalmente negros e mulatos). De acordo com esse pensamento criminológico pseudo-científico, negros e mestiços teriam uma natural propensão ao crime, constituindo suas manifestações culturais potenciais estímulos a comportamentos bárbaros, primitivos e anti-sociais.

Pedrito Gordo, paralelo ficcional do delegado de polícia Dr. Pedro de Azevedo Gordilho, atuou ativamente na repressão à cultura negra na segunda década do derradeiro século, na capital baiana:

De 1920 a 1926, enquanto durou o reinado do todo-poderoso delegado auxiliar, os costumes de origem negra, sem exceção, das vendedoras de comida até os orixás, foram objeto de violência contínua e crescente. O delegado mantinha-se disposto a acabar com as tradições populares a porrete e a facão, a bala se preciso.
O samba de roda foi exilado para o fim do mundo, ruelas e casebres perdidos. As escolas de capoeira fecharam suas portas, quase todas. Budião passou uns tempos escondidos, Valdeloir comeu da banda podre. Com os capoeiristas, a coisa fiava mais fino, os secretas não os enfrentavam de peito aberto, tinham medo. De longe e pelas costas, era mais seguro. De vez em quando o corpo de um capoeirista aparecia crivado de balas na madrugada, tiros de tocaia, obra da malta de facínoras. (AMADO, 1969: 192)

O CORPO COMO ARMA – O CRIME DE CAPOEIRAGEM
DESORDEIROS
A estigmatizarão perversa do capoeirista (como malandro, desordeiro, baderneiro e quejando) pela classe dominante, em contraste com o espirito gozador, alegre, festivo do nosso povo humilde, é fruto dos preconceitos contra as manifestações culturais africanas tidas como "coisas do diabo" e detestadas por que os negros e afins apenas serviam como fonte de riqueza.As manifestações culturais eram reprimidas por que o suor do trabalho escravo, que no trabalho se transformava em ouro para os escravistas (tidos como superiores culturais e espirituais), durante o tempo do samba e da capoeira se transformava em felicidade e não em moeda sonante.Da idéia de prejuízo econômico e desgaste físico da fonte de renda aos preceitos coibitivos vai um passo pelo descaminho do preconceito...
Preceitos, Preconceitos e Polícia...os três Pês que Perseguem os Pretos!
Acresce que os historiadores se louvam nos documentos policiais e notícias de jornais, que também se baseiam nas mesmas fontes, sem os descontos dos abusos de poder e das reações naturais dos injustiçados...Dada a alegria inerente aos capoeiristas, o pejorativo dos termos policiais passou a ser usado como galardão de destemor e bravura, pela consciência da força de cada um, que o povo não tem e a capoeira empresta aos seus praticantes .Daí encontrarmos, em Noronha e nas conversas dos antigos portuários, como auto-elogio os termos baderneiro, desordeiro, valentão, que soam de maneira contrastante com o comportamento dos nossos companheiros de roda. Escrito por Angelo Augusto Decanio Filho
O capoeira desde o seu aparecimento foi considerado um marginal, um delinqüente, em que a sociedade deveria vigia-lo e as leis penais enquadra-lo e puni-lo.
A primeira codificação penal brasileira, ou seja, o Código Criminal do Império do Brasil, de 1830, a ele não se refere especificamente. Como socialmente o capoeira era visto com um marginal, um vadio e sem profissão definida, daí está implicitamente enquadrado no capítulo IV, artigo 295, que trata dos vadios e mendigos.899 Esse fato levou o jurista João Vieira de Araújo, ao comentar o Código Penal de 1890, na parte referente ao capoeira, a dizer que o Código Criminal de 1830 não o mencionava destacadamente, porque então não havia surgido o capoeira; que é delinqüente indígena, porém muito mais moderno.900
Entretanto, o Código Penal da República dos Estados Unidos do Brasil, instituído pelo decreto número 847, de 11 de outubro de 1890 e que vige até hoje entre nós, deu-lhe tratamento específico no capítulo XIII, intitulado Dos vadios e capoeiras nos artigos que se seguem:–
Art. 402. Fazer nas ruas e praças públicas exercício de agilidade e destreza corporal conhecida pela denominação Capoeiragem: andar em carreiras, com armas ou instrumentos capazes de produzir lesão corporal, provocando tumulto ou desordens, ameaçando pessoa certa ou incerta, ou incutindo temor de algum mal;
Pena – de prisão celular por dois a seis meses.
A penalidade é a do art. 96.
Parágrafo único. É considerada circunstância agravante pertencer o capoeira a alguma banda ou malta.
Aos chefes ou cabeças, se imporá a pena em dôbro.
Art. 403. No caso de reincidência será aplicada ao capoeira, no grau máximo, a pena do art. 400.
Parágrafo único. Se fôr estrangeiro, será deportado depois de cumprida a pena.
Art. 404. Se nesses exercícios de capoeiragem perpetrar homicídio, praticar alguma lesão corporal, ultrajar o pudor público e particular, perturbar a ordem, a tranqüilidade ou segurança pública ou for encontrado com armas, incorrerá cumulativamente nas penas cominadas para tais crimes.901
A legislação sobre os capoeiras não ficou somente aí. Acordaram os legisladores da necessidade de maior repressão e se idealizarem as colónias correcionais, o que se verificou logo após a publicação do Código de 1893, com o decreto número 145, que autoriza o governo a instituir uma colónia correcional, no próprio nacional denominado Fazenda da Boa Vista, na Paraíba do Sul ou onde melhor lhe parecer. O decreto, na sua essência, assim regula a matéria:
Art. 1°. O governo fundar uma colónia correcional na próprio nacional “Fazenda da Boa Vista”, existente na Paraíba do Sul, ou onde melhor lhe parecer, devendo aproveitar, além da fazenda, a colónias militares atuais que a isso se prestarem, para correção, pelo trabalho, dos vadios, vagabundos e capoeiras que forem encontrados, e como tais processados na Capital Federal.
Art. 9°. Os Estados poderão fundar, a sua custa, colónias correcionais agrícolas, na conformidade das disposições desta lei, correndo somente a despes por conta da União, quando nas leis anuais se votar a verba especial para elas.902 Mais tarde, o decreto de n.° 6.994, de 19 de julho de 1908, aprova o regulamento que reorganiza a Colônia Correcional de Dois Rios, cuja parte referente ao capoeira está assim elaborada:
“Título II, Capítulo I–Dos casos de internação.
Art. 51. A internação na Colônia é estabelecida para os vadios, mendigos, capoeiras e desordeiros.903
Em nossos dias, embora na prática não funcione, a Consolidação das Leis Penais estabelece no seu artigo 46 que: A pena de prisão correcional será cumprida em colônias fundadas pela União ou pelos Estados para a reabilitação, pelo trabalho e instrução, dos mendigos válidos, vagabundos ou vadios, capoeiras e desordeiros.904 (Capoeira Angola um ensaio etnográfico – Waldeloir Rego)
DE CASO DE POLICIA A CULTURA NACIONAL
A década de 1930 foi marcada por uma aceitação progressiva da capoeira enquanto fenômeno esportivo, ligado às lutas de ringue; e cultural, auxiliada por intelectuais como Edison Carneiro e Jorge Amado, ambos envolvidos na organização do 2º Congresso Afro-Brasileiro. Realizado em Salvador em Janeiro de 1937, o Congresso constituiu um importante momento de articulação sócio-política das manifestações culturais de matriz africana, abrindo caminhos para a valorização, como parte da cultura afro-baiana, do "folclore" e da identidade nacional, o que até então era caso de polícia. De acordo com Josivaldo Pires,

Podemos considerar que o uso da cultura engendrou no universo da capoeira baiana importantes mudanças, dentre elas a do comportamento social do próprio capoeira, que deixava de ser o "capadócio das ruas" para tornar-se agente cultural, o mestre da capoeira. (...) As resistências dos capoeiras encontraram nesse ambiente de mudança cultural elementos que vieram a legitimar sua prática. Esses agentes culturais vieram reclamar à capoeira o estatuto de parte da cultura afro-brasileira e impunham esta condição aos segmentos do poder da sociedade de então. (OLIVEIRA, 2005: 131)

O CONFRONTO ENTRE OS MESTRES PASTINHA E BIMBA
MESTRE BIMBA
A história da capoeira, entretanto, foi modificada radicalmente a partir da década de 30 por um capoeirista chamado Manoel dos Reis Machado, o mestre Bimba (1899-1974). Mestre Bimba não aceitava alunos que não trouxessem certificado de trabalho ou estudo, pois não queria "vadios" em sua academia. Por conta disso, chegou a ser acusado de racista. O disco "Curso de Capoeira Regional" trazia no final de seu prefácio: "mestre Bimba que criou a sua escola de 'capoeira regional' repleta de alunos de famílias da sociedade bahiana". Mestre Luiz Renato Vieira interpreta esse critério de seleção como "uma clara intenção de restringir a Capoeira Regional aos setores sociais privilegiados". E vai além: "Sem dúvida, a preocupação de Mestre Bimba com a formulação de uma capoeira eficiente, do ponto de vista do combate corporal, reflete o espírito militar que se difundiu na sociedade brasileira no período de surgimento da Capoeira Regional". (VIEIRA, 1995)
Jorge Amado, em seu livro Bahia de Todos os Santos (1945), tece fortes críticas à capoeira regional:
Há alguns anos os arraiais da capoeira, na Bahia, foram palco de uma grande e apaixonante discussão. Acontece que mestre Bimba foi ao Rio de Janeiro mostrar aos cariocas da Lapa como é que se joga capoeira. É lá aprendeu golpes de catch-as-catch-can, de jiu-jitsu, de box. Misturou tudo isso à capoeira de Angola, aquela que nasceu de uma dança dos negros, e voltou à sua cidade falando numa nova capoeira, a capoeira regional. Dez capoeiristas dos mais cotados me afirmaram, num amplo e democrático debate que travamos sobre a nova escola de mestre Bimba, que a "regional" não merece confiança e é uma deturpação da velha capoeira "angola", a única verdadeira. Um deles me afirmou mesmo que não teme absolutamente um encontro com o mestre Bimba, apesar de sua fama. Não foi outra a opinião de Edmundo Joaquim, conhecido por Bugalho, mestre de berimbau nas orquestras de capoeira, nome respeitado em se tratando de coisas relacionadas com a "brincadeira". O mesmo disseram Domingos e Rafael que mantêm na roça de Juliana uma escola de capoeira, das mais afamadas da cidade. Concorrente da que se encontra sob a competente direção de Vicente Pastinha, de quem todos afirmam ser o melhor e mais perfeito lutador de capoeira angola da Bahia. (AMADO, 1945: 212)

Percebe-se assim um claro posicionamento contra a "deturpação" da capoeira tradicional, representada pela invenção da capoeira regional. Assim como Jorge Amado, muitos intelectuais visitavam as rodas de capoeiragem da Bahia, como relata Frede Abreu:


Jorge Amado, Pierre Verger, Mário Cravo, Eunice Catunda, Alceu Maynard, Oneida Alvarenga, Odorico Tavares, Carlos Ott, Carybé e outros freqüentaram as rodas da Liberdade, sendo recebidos por Waldemar, da mesma forma diplomática a eles destinada por Bimba, Pastinha, Noronha e outros mestres. (ABREU, 2003: 43)

A VISÃO ACADEMICA DA CAPOEIRA – A ARTE MARCIAL BRASILEIRA - O BRANQUEAMENTO
Por volta de 1936 ou 1937 José Sisnando Lima, na época estudante de medicina, começa a aprender capoeira com Mestre Bimba. Tinha um circulo de camaradas e alunos, mas Sisnando foi o primeiro aluno universitário. Uma figura carismática e um formidável lutador, Sisnando recrutou numerosos colegas vindos da escola de medicina, odontologia, engenharia, entre outras. Mestre Bimba era convidado por boas famílias para ensinar aos seus jovens meninos capoeira, presumivelmente como defesa pessoal (Decânio 2001:14). Fascinados com o renomado campeão, filhos de uma elite começaram a aprender capoeira uma arte que seus pais e geração de seus avós desprezava (Decânio nda.: 99:100). Mestre Itapoan, aluno formado pelo Mestre, vê a confluência da arte de seu mestre e o talento de seus alunos como o ponto critico de seu sucesso. “A mistura de cultura popular com a organização que seus alunos deram a Academia de Mestre Bimba esta estrutura inicia o Templo da Capoeira” (R. Almeida 1994b: 18). Os alunos ganharam acesso ao comando e o desejo de ver a capoeira respeitada por seus pares. Com o massivo acesso aos veículos de comunicação através da Secretaria de Turismo e viajou com seu grupo por todo o Brasil espalhando a Capoeira Regional por todo o Brasil. Eles criaram um sistema fixo de treinamento, transitavam pela burocracia do estado estabelecendo elos com outras instituições. Enquanto ficavam mais velhos, muitos de seus alunos assumiram postos no governo, nos clubes esportivos, na imprensa, promovendo sua forma de ensinar. Essa conjugação de forças autorizou a Capoeira Regional a ser aceita por seleto grupo social, conquistou prestigio e desenvolvimento técnico.
De acordo com os detratores do Mestre, essa elite de estudantes pressionou Mestre Bimba a adaptar a capoeira, e por fim, ensinar a dimensão de sua arte que mais intrigava a eles. De acordo com o aluno formado Ângelo Decânio (2001: 14) explica “Bimba sempre se ajusta ao local, adapta a forma de ensinar aos seus alunos e ao momento histórico, como um verdadeiro Mestre que ele era”. Seus alunos estavam mais interessados em defesa pessoal do que participar de rodas tradicionais, por exemplo, junto com seu Mestre, eles exploram o potencial artístico como ferramenta de defesa pessoal duelando com a dimensão musical da pratica. Os críticos sugerem esse processo induziu Mestre Bimba a modificar a capoeira conforme o modelo e gosto da classe media, hábitos, prejuízos, conceitos estranhos e sua já conhecida e exagerada agressividade (e.g., R Costa 1993:101). Observadores alegam que a arte cresceu mais e mais, refletindo as expectativas da sua elite de adeptos, especialmente como Mestre Bimba ensinava inspirando novas inovações fora de sua academia e fora de seu controle.
O antropologista Alejandro Frigerio (1989: 85), por exemplo, estuda a mudança da capoeira de “arte negra” para um “esporte branco”
Para legitimar e integrar todos a esse sistema, era necessário que as praticas afro-brasileiras perdessem varias de suas características que são próprias por causa de sua origem étnica, para atrair outros interessados eles fizeram ela mais aceitável aos olhos da classe dominante.
Como muitos outros grupos que venceram com Frigerio e eu conduzimos nossos estudos, meu colega questiona “se podemos interpretar a Capoeira Regional como uma forma de embranquecimento da Capoeira Angola “.
Para Frigerio, embranquecimento começou após o envolvimento de seus alunos brancos, que entraram na capoeira através de clubes esportivos, ou a adição de formas de organização dos brancos encravado com a mudança na pratica corporal, mudança de caminho do jogador de capoeira fez com que a capoeira se torna-se mais agradável a elite de praticantes. Outros críticos chamam essa transformação em burguesização, sugerem que ela mudou de classe, ou racionalização marcada pelas mudanças na estrutura pedagógica, mudanças na sua expressão estética. Todas essas designações sugerem que a ascensão social da capoeira foi facilitada por essas mudanças na essência de sua pratica natural. Chamando isto de “branqueamento”, Frigerio e outros evocam um intenso debate no Brasil, trazendo a tona a longa historia do racismo policial e suas idéias. (Greg Downey, Learning Capoeira 176: 177)
MESTRE PASTINHA
Nesse sentido, a intelectualidade baiana teve um importante papel na defesa da capoeira de raiz, como demonstra o firme posicionamento de Jorge Amado em suas observações. Além de antigos mestres Samuel Querido de Deus, Traíra e Najé, Jorge Amado faz um profundo elogio de Mestre Vicente Ferreira Pastinha (1889-1981):
"Mestre Pastinha tem mais de setenta anos. É um mulato pequeno, de assombrosa agilidade, de resistência incomum. Quando ele começa a 'brincar', a impressão dos assistentes é que aquêle (sic) pobre velho, carapinha branca, cairá em dois minutos, derrubado pelo jovem adversário ou bem pela falta de fôlego. Mas, ah! Ledo e cego engano!, nada disso se passa. Os adversários sucedem-se, um jovem, outro jovem, mais outro jovem, discípulos ou colegas de Pastinha, e ele os vence a todos e jamais se cansa, jamais perde o fôlego, nem mesmo quando dança o 'samba de Angola'. (...)

Quem fôr à Bahia não deve perder o extraordinário espetáculo que é mestre Pastinha no meio do salão jogando a capoeira, ao som do berimbau. E quando ele (sic) não está lutando, não vai descansar. Toma de um berimbau, puxa as cantigas. Para mim, Pastinha é uma das grandes figuras da vida popular da Bahia. É indispensável conhecê-lo, conversar com ele, ouvi-lo contar suas histórias, mas, sobretudo, vê-lo na 'brincadeira', atingindo adversários". (AMADO, 1945: 211)

Apesar de Mestre Bimba ter sido o primeiro a fundar oficialmente uma academia de capoeira (1937), Mestre Pastinha foi o primeiro a fundar uma escola de capoeira (Centro Esportivo de Capoeira Angola, 1941), a pensar na capoeira como um instrumento pedagógico, de alto teorr filosófico, e é isso que transparece em seus manuscritos. Sua escolha pela comunidade da capoeira tradicional, que resistia à proliferação da capoeira moderna, da moda, a luta regional baiana, não foi apenas pelo seu conhecimento técnico e domínio corporal. Como Mestre Pastinha conta, ele estava afastado há quase 30 anos da prática sistemática e cotidiana da capoeiragem. A sua escolha para "mestrar" a capoeira tradicional baiana, que passou então a ser chamada de capoeira angola, foi pelo seu grau de mestria, pelo seu alto conhecimento espiritual e filosófico, pelo seu caráter de educador. E é assim que ele mesmo se define: "É o educador da capoeira tipo Angola originado pelos negros da velha África". (PASTINHA, 90)
AFIRMAÇÃO DA IDENTIDADE – ORIGENS AFRICANAS E RESISTENCIA A ESCRAVIDÃO
A ÉTICA NOS MANUSCRITOS DE PASTINHA
ESCRITA ORIGINAL MANTIDA, SEM CORREÇÕES
Sobre a ética no jogo
"Não deve ser aplicado e nem forçar o seu companheiro para obter recursos é erros gravissimo, esta sujeito o fiscal suspender o jogo.""É proibido no jogo e prinsiparmente em baixo, fonsional golpes, ou truque, não por, é fau.Os golpes que não pode ser fonsionado em Demonstração; golpes de pescoço, dedo nos olhos, cabeçada solta, cabeçada presa, meia lua baixa, Balão a coitado, rabo de arraia, Tesoura fechada, chibata de clacanhar, chibata de peito de pé, meia lua virada, duas meia lua num lugar só, pulo mortal, virada no corpo com presa de calcanhar, presa de cintura, Balão na boca da calça, golpes de joelho e nem truques."
Sobre os deveres do capoeirista
"O bom capoeirista nunca se exalta procura sempre estar calmo para poder reflitir com percisão e acerto; não discute com seus camaradas ou alunos, não touma o jogo sem ser sua vez; para não aborrecer os companheiros e dai surgir uma rixa; ensinar aos seus alunos - sem procurar fazer exibição de modo agresivo nem apresentar-se de modo discortez...""... não devemos procurar ficar isolado, porque nada podemos fazer; é muito certo o trocado popular que diz: a união faz a força...""E, vocês do futuro, firme por amôr ao esporte mais tambem pelo seu cavalheirismo esportivo. É uma recomendação para o respeito as regras e aos regulamentos escritos; Um apelo para que procedamos correto e decentemente os aspectos de nossa vida na sociedade; um apelo que sendo atendido estamos sujeito a obter justa vantagem em qualquer ciscunstancia.""Não queiram a prender a capoeira para valentia, mais sim, para a defeza de sua intregridade fisica, pois um dia, pode ter necessidade de usa-la para sua defeza. Cuja defeza é contra a qualquer agressor, que venha-lhe ao encontro com navalha, faca, foice e outras armas."..."para ser bom, é perciso ser completo no fundamento do teu esporte; quando uma pessoa te pedir uma esplicação não responder coisas que não pode ser bem, fere sua ação porficional. todos tem direito de ensinar, porem não de desvalorisar quem ja está a visto do publico..."..."é dever de construir para os infantius uma personalidade -- digna de admiração, não devem faltar as regras da disciplina, civilidade, do respeito às atenções, a bôa disposição, o bôm humor, a solidariedade, a lealdade, e o amor a verdade; estes são os alicerces que darão estabilidade à estrutura moral do ser...""Como penso eu nos deveres, como capoeirista é fazer cogitações, reclamar uma atitude, um gesto, a cada passo uma palavra que implique no comprimento do dever, sim, sem prejudicar, a moral do seus camaradas. e nem criar causo; ninguem deve subtrair-se é prejuiso, é grande a finalidade da capoeira, seja justamente essa prestada ao centro, e na academia; disciplinar, é executar uma serie de obrigações, fazem parte integrante do regime da propria academia; cumprir o dever é ser honesto de si mesmo: é respeitar-se a si proprio, e agir com conciencia esclarecida; todo o dever cumprido representa o resgate de uma obrigação; é um impulso para frente no sentido da evolução..."..."cada capoeiristas responde pelo que é do seu dever, sabendo as responsabilidade com elas o dever, aumentam o crescimento do seu saber: o amigo antes de associa-se, não compromeita a produzir, mais do que permita sua capacidade; dentro de suas possibilidades, não vacile, em prometer sem reservas, deve ser ao seu alcance fazer; dai vem a razão de ser privinido, e estar sempre vigilante, sempre alerta, sempre atento em seus deveres, sempre convicto de cumprir ao centro, academia, e ao seu negocio particula."..."cumprir o dever é ser honesto de si mesmo, é respeitar-se a si proprio, é agir com conciencia esclarecida; todo o dever cumprido representa o resgate de uma obrigação. um impulso para frente no sentido da evolução... "

Fontes:Angelo A. Decanio Filho. Manuscritos e desenhos de Mestre Pastinha.Angelo A. Decanio Filho. A herança de Pastinha. 2 ed. 1997.
O CODIGO DE ÉTICA
Mestre Pastinha deixou traçado nos seus manuscritos o roteiro do código de conduta (ética) dos capoeiristas de todas as categoria (mestres, alunos e graduados).As grandes preocupações do Venerando Mestre sempre foram o futuro da capoeira e os capoeiristas do futuro.Talvez antevendo a transformação da capoeira-jogo num desporto pugilístico, em detrimento dos seus aspectos educacionais e lúdicos. O abandono do ritmo ijexá, majestoso, solene, gerador de movimentos elegantes e pacíficos, pelos toques rápidos e de caráter belicoso, é a base sobre a qual vem se desenvolvendo uma capoeira, mais preocupada em "soltar os golpes" que em se esquivar do movimentos de potencial agressivo, característica predominante entre os capoeiristas do passado aparentemente invisíveis e intangíveis como o vento (daí a lenda do desaparecimento sob forma de besouro, bananeira ou de simplesmente deixarem de ser vistos nos momentos de perigo) .A influência da violência cada vez maior da sociedade moderna vem desviando a atenção dos verdadeiros fundamentos da capoeira, tornando-a em mais um fator de violência, sob o falso manto de defesa pessoal e de arte marcial, mero pugilato executado sob um fundo musica de caráter belicoso.Mister se faz o retorno às origens, diria Frede Abreu, lembrando as palavras singelas do nosso Mestre, no seu dialeto afro-baiano, um verdadeiro código de ética.Seus conselho, guardados e obedecidos, certamente tornariam desnecessária uma regulamentação ou codificação extensa e prolixa.
"Os mestre não pode ensinar com discortez nem de modo àgressivo, não . devemos procurar ficar isolados por que nada podemos fazer sem amôr ao esporte."Manuscritos e Desenhos de Mestre Pastinha (pág.7a, linhas 15-19)
O egoismo, a agressividade, a deslealdade, o orgulho, a vaidade, os interesses mercenários, levam ao isolamente - reverso da esportividade.
"O bom capoeirista nunca se exalta procura sempre estar calmo para poder reflitir com percisão e acerto; não discute com seus camaradas ou alunos, não touma o jogo sem ser sua vez; para não aborrecer os companheiros e dai surgir uma rixa; ensinar aos seus alunos -sem procurar fazer exibição de modo agresivo nem apresentar-se de modo discortez..." Manuscritos e Desenhos de Mestre Pastinha (pág.7a, linhas 19-23)
A calma é indispensável à reflexão, à correção dos movimentos, à adaptação do jogo entre os pares, tornando o espetáculo mais belo e seguro. Todo capoeirista deve ser cortês, evitando aborrecer ou irritar seus companheiros, enquanto mantém sua própria tranqüilidade!Decanio Filho - A herança de Pastinha, (pág. 24)
"...sem amôr a nossa causa que é a causa da moralisação e aperfeicoamento desta luta tão bela quanto util: à nossa educação fisica; ..." Manuscritos e Desenhos de Mestre Pastinha (pág.7b, linhas 4-8)
A prática da capoeira deve ser regida pelo amor a esta arte, instrumento de educação e não de discórdia!
"... não devemos procurar ficar isolado, porque nada podemos fazer; é muito certo o trocado popular que diz: a união faz a força:..."Manuscritos e Desenhos de Mestre Pastinha (pág.7b, linhas 8-11)
Só o respeito mútuo, a observação dos princípios básicos esportivos (lealdade, humildade e obediência as regras) e a conservação da camaradagem permitem a união indispenável ao progresso da capoeira!
"...o nosso ideal de uma capoeira perfeita escoimada de erros, duma raça forte e sadia que num futuro proximo daremos ao nosso amado Brasil."Manuscritos e Desenhos de Mestre Pastinha (pág.7b, linhas 14-17)
A prevenção dos erros por uma conduta educada, respeitosa, gentil, levará ao aprimoramento do nosso povo.


ORIGEM E PREVENÇÃO DA VIOLÊNCIA NA CAPOEIRA




Escrito por Angelo Augusto Decanio Filho
O estilo da capoeira depende principalmente, pela própria natureza deste jogo, do toque do berimbau, dos cânticos, do coro e do acompanhamento de palmas pela assistência, além do estado de espírito dos parceiros na roda.No estado atual de evolução da regional o ritmo acelerado, o calor das palmas e do coro, obrigam os parceiros a um jogo extremamente rápido que não permite sequer o gingado correto, dificulta o golpe de vista, impede a execução do movimentos com segurança e a visualização do objetivo do ataque, não permitindo sequer as esquivas e defesas seguras.A preocupação em "soltar os golpes" em detrimento das esquivas, do gingado e da sincronia com toque do berimbau vem deturpando os fundamentos do jogo de capoeira e gerando um estilo violento e potencialmente muito perigoso para os seus praticantes.Além dos acidentes de maior ou menor gravidade durante a prática da regional, hoje infelizmente tão freqüentes, encontramos algumas falhas de caráter técnico associadas que tentaremos enumerar e discutir.
O afastamento excessivo entre os pés, o movimento de balanceio maciço do tronco e fuga para traz, impedem a distribuição do peso do corpo entre os dois pontos de apoio, impedindo os giros de cintura nas esquivas e descidas defensivas durante o gingado.A falta dos movimentos de esquiva para baixo, negativa e cocorinha, possibilita o emprego dos movimentos de ataque de contra-ataque de membros superiores (socos. galopantes, asfixiantes, bochechos, telefone, etc.), mais fáceis e mais violentos, porém contrários à natureza e aos princípios éticos da capoeira.A violência é decorrente da falta do gingado, da disposição mental para o ataque em lugar da predisposição à esquiva, subseqüentes ao ritmo excessivamente rápido dos toque de berimbau e predominância da atitude belicosa, levam a um jogo a extremamente agressivo, impedindo o floreio e as esquivas típicas da capoeira.Dentre os movimentos de esquiva destacamos a falta da cocorinha, movimento muito apropriado para a prática da rasteira, outro elemento pouco encontradiço nos jogos atuais.
Um defeito que estamos observando na cocorinha é aquele do apoio nas pontas dos pés, em lugar do assentamento das suas plantas no solo, como recomendava Bimba, que além de melhor apoio, produz o alongamento dos músculos das panturrilhas melhorando a flexibilidade dos movimentos e a agilidade.Outro defeito é a queda para traz durante a cocorinha, em queda de quatro ou movimento de aranha, sempre condenado pelo Mestre, que além de tornar os deslocamentos e esquivas lentos, expõe o peito e ventre indefesos aos ataques mais violentos do parceiro.A defesa por bloqueio, adquirida do karatê e jiu-jitsu, em lugar da defensiva por esquiva acompanhando a direção do ataque e proteção do alvo pela mão em movimento, enrijece o corpo, diminui a agilidade, quebra o fluxo do jogo e propicia maior impacto ao receber o golpe traumático. O bloqueio reflete a falta de golpe de vista e do reflexo de esquiva característico do capoeirista, traduzindo deficiência do treinamento e antecipando a possibilidade de acidente mais grave.
O afastamento excessivo entre os parceiros do jogo de capoeira permite movimentos violentos, descontrolados, despropositados, inócuos, por não poderem atingir o alvo dada o distanciamento, porém que ao alcançarem acidentalmente pontos vitais do parceiro podem causar lesões graves ou morte.Perdemos assim o caráter festivo da capoeira antiga e evoluímos (?) para estilo mórbido capaz de gerar a morte de parceiros que deviam estar irmanados por esporte tão belo e pacífico.A propósito da prevenção dos acidentes e óbitos, devemos lembrar os conselhos encontrados em "A herança de Pastinha" (Decanio Filho, A. A. - Coleção S. Salomão 3) que transcrevemos a seguir:
1.4.21 - ... "aprender municiosamente ás regras da capoeira"...
"... todos aqueles que queira se dedicar a esse esporte, que como capoeirísta; quer como juiz? Deve procurar municiosamente ás regras da capoeira de angola"; para que possa falar ou dicidir com autoridade. Infelizmente grande parte de nossos capoeiristas tem conhecimento muito incompleto das regras da capoeira, pois é o controle do jogo que protege aqueles que o praticam para que não discambe exesso do vale tudo,"... (8a,15-23;8a,20-23;8b,1-2)
Pastinha sabiamente reitera...... é indispensável o código de honra...... a ser obedecido pelos capoeiristas...... "é o controle do jogo"...... pelo juiz... pelas regras... regulamentos...... e pelo ritmo da orquestra...... "que evita a violência e os acidentes"...... vale a repetição!
1.4.22 - ..."a capoeira vem amofinando-se" ... "e a capoeira vem amofinando-se quando no passado ela era violenta, muitos mestres, e outros nos chamavam atensão, quando não estava no ritimo, esplicava com decencia, e dava-nos educação dentro do esporte da capoeira, esta é arazão que todos que vieram do passado tem jogo de corpo e ritimo."... (9a,1-9)
... continua a insistência na presença dum juiz...
... árbitro ou mestre de cerimônia ...
... para acompanhar a evolução do jogo...
... advertir ou interromper a prática...
... ante manobras proibidas ou perigosas...
... desobediência ao ritmo do toque...
... ao cansaço do atleta...
... garantir a segurança física...
... dos praticantes...
... da assistência...
... assegurar a beleza do espetáculo...
1.4.38 - ..."todos os capoeiristass são maus"... ?..."todos os capoeiristas são maus para seus camaradas? Mais não são todos, sim, no meu Centro tenho, e como conheço muitos que são educado; e não procura irritar ao companheiro: sim, é porque o mestre não interessa a irritação, e o procura o jeito que favoresse a prendizagem, o quer aprender rapido, e não tem enfluensia." (11b,6-13)
Na capoeira, como em todos os grupos sociais, encontramos os que semeiam a discórdia,a violência. Alguns por falta de educação, outros por doença mental ... ou espiritual?Coitados!A maioria da juventude é sempre boa, generosa... ... não sofre as "influências" dos maus...... disse o Mestre!
1.4.39 - ..."Não é permitido"...
... ", por mestre nenhum, se ele mestre for conhecedor das regras da capoeira, não consentir jogar em roda, ou grupo sem fiscal, se não tem como pode ter controle, quem ajuda o campo? não pode entra em combate sem chegar sua vez. Todos os capoeiristas tem por dever obder as regras do seu esporte, cooperando para valorizar, porque, somos responsavel pelos erros, no causo de disputa, ou dezafio, procurar as autoridade é um juiz." (11b,13-23; 12a,1)
A insistência do Velho Mestre, na obediência aos regulamentos e regras, na submissão ao árbitro, durante o desenrolar do jogo. Coibindo os abusos, frutos do entusiasmo, do calor da disputa, de diferenças pessoais, atinge aqui o seu ponto mais alto!
1.4.40 - ..."Não deve ser aplicado"...
"Não deve ser aplicado e nem forçar o seu companheiro para obter recursos é erros gravissimo, esta sujeito o fiscal suspender o jogo." (12a,1-4)
O reforço da autoridade do juiz, aqui chamado de fiscal, permite a interrupção do jogo para proteger a integridade física dos participantes.
..."é fau"!... disse o Mestre...
1.4.41 - ..."É proibido no jogo"...
..."É proibido no jogo e prinsiparmente em baixo, fonsional golpes, ou truque, não por, é fau.Os golpes que não pode ser fonsionado em Demonstração; golpes de pescoço", dedo nos olhos," cabeçada solta," cabeçada presa," meia lua baixa," Balão a coitado," rabo de arraia," Tesoura fechada," chibata de clacanhar," chibata de peito de pé," meia lua virada," duas meia lua num lugar só," pulo mortal," virada no corpo com presa de calcanhar, presa de cintura," Balão na boca da calça," golpes de joelho e nem truques." (12a,4-16)
Aqui está o rol dos golpes proibidos, especialmente em demonstrações ou jogos públicos, pelo risco do entusiasmo dos oponentes ou por tradição...
1.4.42 - ..."é falta usar as mãos"...
"Todos os mestres tem por dever fazer ciente que é falta usar as mãos no seu adversario; se não fizer assim, não prova ser mestre, os que tem educação prova a sua decensia jogando com seu camarada e não procura conquista para enporcalhar seu companheiro, já é tempo de compreender, ajudar do seu esporte, é a judar a moralisar; levantar a capoeira, que já estava decrecendo." (12b,1-10)
Aparece aqui a única diferença, entre os estilos de Bimba e Pastinha. Bimba ao criar um sistema de ensino da capoeira, instrumento de luta, abandonou a tradição de não usar golpes traumáticos de mão. Permissão estendida aos balões e projeções, bem aceitos, estimulados pela difusão das técnica orientaisno meio social em que pontificava.
1.4.31 - ..."para valentia"...
"Não queiram a prender a capoeira para valentia, mais sim, para a defeza de sua intregridade fisica, pois um dia, pode ter necessidade de usa-la para sua defeza. Cuja defeza é contra a qualquer agressor, que venha-lhe ao encontro com navalha, faca, foice e outras armas." (10b,17-23)A defesa pessoal resulta dos reflexos desenvolvidos ao longo dos treinamentos diários, depende de tempo e persistência... como a sabedoria dos mais velhos, escondida sob o branco dos cabelos, surge não se sabe donde... nem como... e nos surpreende na hora certa!
... não se aprende com violência e descontrole...... "a pressa é inimiga da perfeição"...
1.5.6 - ..."a capoeira está dividida em trez parte"...
... "note bem, amigo... a capoeira está dividida em trez parte, a primeira é a comum, é esta que vêr ao publico, a segunda e a terceira, é rezervada no eu de quem aprendeu, e é rezervada com segredo, e depende de p tempo para aprender. a prova está no conhecimento da capoeira do passado, e do prezente, a do passado era violenta era violenta, para malandragem, e a de hoje, é como todos verem, rezevamos a mizeria, pela Democracia. nos queremos divirtimento. E tudo mas depende da raça, de quem aprende a capoeira; e a minha raça ja envelec.ceu, tambem sou tradicional, vivo na Historia da capoeira; e amo ela,"... (14b,8-23As três faces da capoeira, aqui referidas são:
a manifestação exterior, o jogo.
Aparente, exposta a todos presentes, visível
· nos treinos (mesmo nos chamados secretos)...
· nas exibições...
· nas demonstrações...
... a parte física... corporal... ... Yin, diriam os orientais!
... as duas restantes são invisíveis, sutis, subjetivas..
... escondidas "no eu de quem aprendeu"... Yang na linguagem oriental!
... o inconsciente e o subconsciente capoeirano...
... "istinto" nas palavras de Bimba...
... as partes secretas, " rezervadas" disse Pastinha...
... e assim devem ser preservadas!.
Uma é mais superficial, psicomotora, os reflexos de defesa...... a manha... a malícia ...
A outra é mais profunda, filosófica, mística...a modificação do modo de viver...
... o Axé da Capoeira!... diria minha Ialorixá Konderenê! ... Taoista!... diria LaoTsé!
2.2.4 - ..."destruir os falsos principios"...
"Eu nada aceito, que me venha destruir a teorias arquitetadas, é dever destruir os falsos principios que não constituiram ensinamento: ..." (69a,6-10)
Sábia advertência, aos que procuram inovar sem respeitar as tradições, sem conhecer a razão dos rituais, sem conhecer a cultura dos povos que trouxeram os fundamentos musicais e místicos da capoeira. É indispensável estudar a evolução da capoeira, desde as tradições orais africanas preservadas em nossa cultura pelos seus descendentes até nossos dias, para resguardar o seu precioso valor!
2.2.5 - ..."procure os bons mestres"...
"Todo ser sabio, procure os bons mestres, e va igualar a esse, porque não é aprendiz dos falso ensino; nào possuem em compensação a vaidade, nem orgulho, porque tudo que ele ensina; não é errado: eles tem experiença, e esta observando." (69a,13-17)
Procurar bons mestres, para não aprender falsos princípios, nem servir de pasto ao orgulho e à vaidade dos falsos mestres!
Sábias palavras!Capazes de impedir o retorno à barbaria do circo romano, dando a volta por cima do mundo que Deus quis fosse belo e amoroso, diria nosso Mestre Pastinha."Eu tirei a capoeira de baixo da pata do boi e vocês estão jogando fora de novo! Não foi para isso que eu criei a regional e deixei de herança para vocês!" - exclamaria nosso Mestre Bimba, triste e inconformado