A estética no jogo da Capoeira Angola
Falar de estética no jogo de
Capoeira Angola é trazer à baila uma discussão sobre o que é belo e o que é
feio. Etimologicamente, a palavra estética vem do grego aisthesis que dentre
outros significados quer dizer também "percepção totalizante ", daí o
erro daqueles que querem ver a beleza analisando só o exterior do objeto
sabendo-se que a beleza é subjetiva.
O cognocentismo cartesiano é de
pouca valia na questão do que é belo ou feio, mas a sensibilidade artística não
deixará sem resposta o curioso.
O verdadeiro " angoleiro
" não tem, em nenhum momento, o interesse de tornar " fácil ",
para os observadores do "jogo", a interpretação dos seus movimentos
mas exigir atenção especial para o universo cênico da Capoeira Angola. O "
bailarino " traduz sua emoção sem se preocupar com uma estética
pré-estabelecida mas com movimentos instintivos, através dos quais vai
mostrando para a platéia sensível o que tem a exprimir. A expressão da força
criadora do capoeirista angoleiro atinge sua plenitude quando acontece a íntima
fusão entre a expressão e a forma associadas ao feeling.
A forma da Capoeira Angola é
própria, o que eu chamaria de forma deformada para uma comparação com a forma
objetiva racional. Daí, a Capoeira Angola não ter forma definida dentro do
juízo objetivo, mas sim, subjetivo.
Só observará estética na Capoeira
Angola, aquele que entendê-la como arte de homem, que um dia foi livre e
naquele momento seu referencial primeiro foi a natureza, representada por todos
os seus elementos, os quais já são estéticos na sua essência.
"Ninguém joga do meu jeito
", dizia Mestre Pastinha em sua singular sabedoria enquanto angoleiro que
foi, o que significa dizer que na Capoeira Angola o belo e o feio se confundem
com o objetivo de criar arte sem fragmentação.
Mestre Moraes
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