segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Semana da Consciência Negra

Marco Aurélio
Esse ano o dia 20 de novembro marcará os 316 anos da morte de Zumbi dos Palmares, símbolo da resistência negra contra a nefanda chaga da escravidão nesse país. Ao mesmo tempo, o ano de 2011 é o ano Internacional do Afrodescendente.
Vejo a crítica de algumas pessoas em ter uma data comemorativa para os negros, como se isso fosse um privilégio, esquecem que a data serve principalmente para lembrarmos que os negros ainda estão em situação de desvantagem em vários segmentos da sociedade, desde o acesso aos serviços públicos básicos, até a entrada no disputadíssimo mercado de trabalho, e, diga-se de passagem, ainda muito carregado de preconceitos contra os negros.
Mais uma data, as velhas cantilenas, as rodas de capoeira, os batuques de samba e pagode, as feijoadas uma apresentação aqui e outra ali, mas o cerne da questão na qual a sociedade brasileira teima em se recusar é: Até quando aceitar, tolerar e naturalizar o racismo? Está passando da hora de superarmos as manifestações meramente culturais, não que sejam importantes, o problema é que se continua a reforçar ano a ano que negros são bons para os esportes, samba e culinárias, mas para pensar, tomar decisões e ocupar cargos de mando isso compete aos brancos, isso vai se arraigando tanto, que não chegamos a imaginar um presidente do Brasil negro, não vemos um General, Almirante ou Brigadeiro negros, cientistas, padres, médicos e tantas outras profissões que o nosso perfeito sistema de racismo conseguiu impedir de ascender socialmente, não que não tenhamos negros nessas profissões, mas em uma população de maioria negra, os negros são exceções nesses cargos de elevado prestígio social.
Tenho acompanhado as apresentações em escolas nos últimos anos em comemoração à data, o que ocorre é simplesmente por força da Lei 10.639, simples apresentações artísticas, exposição de máscaras e encenações de peças que retratam como foi a escravidão. As escolas não estão preparadas para superar essas visões congeladas do passado e apresentar propostas mais positivas em relação ao negro, falta a reflexão sobre e data, o objetivo, a situação do negro na sociedade, claro que temos honrosas exceções, mas o que é feito atualmente é meramente uma forma de dizer que se cumpre a lei, esquecem que a luta contra o racismo deve ser diária, não apenas na Semana Nacional da Consciência Negra.
O movimento negro tem e deve mobilizar a sociedade para que se aprofundem as políticas públicas que possam efetivamente acabar com esse imenso fosse existente entre negros e brancos no Brasil, lutar pelas cotas nas universidades, no mercado de trabalho, que o serviço público acabe com o racismo institucional, que a justiça seja democratizada, e o negro não seja visto pelo judiciário como culpado a priori.
Segundo o mapa da violência publicado em 2011, os negros em praticamente todos os estados, inclusive os que têm maioria branca, com exceção do Paraná, têm mais possibilidades de serem vítimas da violência do que os brancos, por exemplo, na Paraíba a chance de um negro morrer vítima da violência é 12 (doze) vezes maiores que o branco, em um estado que o negro não tem o dobro de negros em relação aos brancos. Isso é uma das provas mais cabais para aqueles que ainda teimam em dizer que o Brasil não é racista e que o problema seria meramente social, ledo engano, o que tem acontecido é um genocídio negro como disse Abdias Nascimento em sua famosa obra, não podemos esquecer-nos do processo de destruição física do negro através das artimanhas dos aparelhos repressores do estado que ainda veem o negro como o marginal padrão, julgando e condenando com a morte, os jovens negros nas periferias do Brasil.
Enfim, essas reflexões fazem-se necessárias em um país que tem nos últimos anos tido êxito na área econômica, tem conseguido êxito em políticas de transferência de renda, mas ainda falta muito para democratizar as cores no Brasil e transformá-lo efetivamente em uma verdadeira democracia racial.


Marco Aurélio Braga é Professor da SEEDF

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

O ABC da Capoeira Angola - Mestre Noronha - APRESENTAÇÃO

“Tem toda a formação nos jogos de Capoeira Angola,
tem toda a malícia que o mundo deve saber.
Que é uma luta de grande valor.
Valor que o mundo quer praticar o seu fundamento,
porem nunca tiveram um Mestre.
Eu Mestre Daniel Coutinho, conhecido por Noronha,
Vou falar:
Tem suas tradição de Alto-relevo na historia da independência do Brasil.
Os escravos que eram Mandingueiros foram convocados no Batalhão Quebra-Pedra para expulsar os Portugueses do território brasileiro.
Muitos capoeiristas escravos não tinham arma de fogo
Brigava de ponta pé, rasteira, cabeçada, rabo de arraia
E joelhada e pedrada e cacetada.
Foi quem deu a grande vitória ao brasileiro
Sob o comando do general Labatu.
A batalha mais dura que teve foi em Santo Amaro, Cabrito e Piraja,
Cachoeira foi a maior batalha sangrenta que houve.
Os capoeiristas escravos foram baluartes dessa luta.
Viva os brasileiros capoeiristas que souberam defender sua pátria com amor.”

Mestre Daniel Coutinho Noronha