sexta-feira, 7 de setembro de 2007

Exu Bará - O primeiro entre os orixas - compilado de varias publicações, relatos e testemunhos

EŞU BARÁ

O primeiro entre os orixás



OKOTÓ - O peão caracol





Introdução - glossário - simbologia - histórico e conceitos .

Ifá - jogo dos búzios

Exu foi o primeiro ser criado - EXÚ YANGI - Lama e terra moldada por Olórum.

Irumalé - 400 Orixás do lado direito masculino e os 400 Ebora do lado esquerdo feminino.


Yemanjá rainha dos Exús.
Bará o rei do corpo.
Exú Odara - prazer satisfação
Exú Olobé - o dono da faca.
Exú elegbará - o dono da força.
Exú Agbó - o guardião e protetor

Cerimônia Privada
Trevas cobrem seus olhos
o não iniciado não pode conhecer
o mistério do mariwó.

O terreiro
Espaço Urbano - construções de uso público e privado, cozinha ritual, o barracão e habitações.
Espaço Virgem - As árvores e uma fonte, considerados “o mato”, 2/3 do terreiro, árvores, arbustos e ervas, reservatório natural de ingredientes indispensáveis a toda prática litúrgica. O mato é sagrado.

Aiyé - Este mundo, a vida, o universo físico concreto.
Orúm - Espaços sobrenaturais, o além, o infinito.
Araiyé - Os seres humanos.
Araórun - Os seres sobrenaturais.
Axé - Está em relação direta com a conduta ritual, observada por todos os iniciados e com a atividade ritual continua de acordo com o calendário preceitos e obrigações.
Pelo Axé se estabelece a relação Aiyé-Órum. Força que assegura existência dinâmica, que permite o acontecer. É o princípio que torna possível o processo vital. O Axé é transmissível, é conduzido por meios materiais simbólicos e acumulável. Adquirido pela introjeção e pelo contato. Pode ser transmitido a objetos e seres humanos. Força invisível, força mágico--sagrada de toda a divindade, de todo o ser animado de toda coisa.

Elementos portadores de Axé

Sangue vermelho
No reino animal: corrimento menstrual, sangue humano e sangue animal.
No reino vegetal - Epó, azeite de dendê, Oxun, pó vermelho, o mel, sangue das flores.
No reino mineral - cobre e bronze.
Sangue branco
No reino animal: sêmen, saliva, hálito, secreções, plasma.
No reino vegetal: seiva, sumo, álcool, manteiga vegetal.
No reino mineral: carvão, ferro.
Sangue preto
No reino animal: cinzas de animais.
No reino vegetal: Sumo escuro de certos vegetais, índigo.
No reino mineral: carvão, ferro.

Ogum Pai do ferro ligado ao preto.
Oxalá Criação essencialmente branco
Axé Combinação particular, contém representações materiais e simbólicas do branco, vermelho e do preto do Aiyé e do Órum.
Iniciação, 3 anos após a obrigação, 7 anos após a obrigação, 7 anos após...

O Som São invocadores das entidades através dos instrumentos. O som nasce como síntese provocado pela interação ativa de dois tipos de genitores.

Yansã Mãe dos nove Orun, Patrona dos mortos.

4 acima da terra 4 abaixo da terra

Genesis

Ólorum era uma massa infinita de ar, começou a se mover lentamente, respirar, uma parte do ar transformou se em massa de água, originando Orixalá, orixá do branco. O ar e a água moveram-se conjuntamente e uma parte dela se transformou em lama.
Dessa lama, originou-se uma bolha ou montículo.
Primeira matéria dotada de forma um rochedo avermelhado e lamacento. Ólorum soprou seu hálito e lhe deu vida. Era Exú Yangi, Exú é o primeiro nascido da existência.

Oxalá Água e ar sangue branco
Odûa Água e terra sangue vermelho

Cada ano litúrgico começa com o ciclo das águas de Oxalá. A lama e a terra como elemento é a matéria fecundada Exú e simbolo do que é procriado.

Odûa Criou a terra
Oxalá Criou os seres

Odûa está a esquerda
Oxalá está a direita

Ao nascente pertence tudo que está em vias de desenvolvimento, o que está na frente, e que ao cumprir seu ciclo passará para o poente, o que está atrás, o futuro pertence ao nascente o passado pertence ao poente.
A cabeça ao nascente os pés que nos conduzem estão em contato com a terra, ou poete. É do poente, dos ancestrais que renasce a vida, o nascente e assim sucessivamente.






Olorúm Oba Órum - rei do Órum.

iwa + axé + ába

Iwa - existência ( ar, atmosfera, respiração) branco.

Axé - realização (branco + vermelho + preto)

Abá - objetivo num sentido preciso

É aquele que possui propósito e poder de realização possui todo o espaço e os conteúdos do Aiyé - Órum.

Irumalé (erumalé) Entidades divinas cuja existência remonta aos primórdios do universo. Seu Axé e os domínios foram transmitidos diretamente por Ólorum.

Orixás Quatrocentos (400) Irumalé do lado direito (masculino)

Ebora Duzentos (200) Irumalé do lado esquerdo (feminino)

Orunmila – também conhecido sob o nome de Ifá, é o orixa da advinhação e da sabedoria, foi encarregado do uso do conhecimento para a interpretação do passado, do presente e do futuro e também para a ordenação geral da terra.
Sua principal função é fornecer uma resposta as necessidades de indivíduos para manter uma vida harmoniosa aos que o consulta. O símbolo-resposta, o Odú, implica sempre numa oferenda sem a qual o oráculo seria apenas um jogo de palavras. A execução da oferenda, que só Eşu Ojíse-Ebó é capaz de transmitir, que permite alcançar os objetivos. Orunmila depende de Eşu é Enugbarijo (boca coletiva) que traz a resposta a Orunmila. Orunmila Orixá Funfun, símbolo coletivo dos Irunmale dos ancestrais míticos e divididos só pode comunicar-se “através de um intermediário da mesma ordem”.

Oxalá - Obatalá

O começo dos começos
massa de ár e massa de água
tem o domínio sobre a formação dos seres
os Ara Aiyé e os Ara Órum.

Movimentos lentos, serenos, idade imemorial
justiça e equilíbrio
entidades mais afastadas dos seres humanos
e as mais perigosas.

Branco poder genitor
calma, umidade, repouso, silêncio
poder ancestral masculino

Opaxoró seu emblema deve estar sempre em pé (pequeno bastão)

Óxum Água e terra Axé genitor feminino
é orixá dos rios
é a patrona da gravidez
aquela que vela pelas crianças
sangue vermelho - corrimento menstrual
mãe suprema
representada por um peixe - patrona dos peixes
os pássaros a representam e são seus filhos
gestação = abundância, riqueza
amarelo dourado - gema de ovo - ancestrais femininos

Ibeji – gêmeos míticos, filhos de Oşun

Yemanjá Água do mar - mãe dos peixes
Branco incolor, transparência
concebeu Xangô
Preto - Azul celeste ou Verde água
sangue vermelho - Axé de realização,
que circula
que dá a vida.

Xangô Pai do travão - símbolo do fogo
interação água e ar
terra e árvore
Vermelho e Branco
Orixá filho - elementos que lhe deram origem
diversas combinações fazem a sua singularidade
associado a aspectos diferentes da natureza
controle sobre funções específicas.
Anti-símbolo da morte, não fica onde há mortos

símbolo da dinastia imagem coletiva dos ancestrais Xangô se separa dos mortos e representa principalmente descendência.

Xangô lança suas pedras de raio.

Oşosi é o fundador dos terreiros




Ossãnha Orixá da rua
pai da vegetação e das folhas
As folhas e as plantas são emanação direta do poder sobrenatural
da terra fertilizada pela chuva.
As ações das folhas podem ser múltiplas e utilizadas para diversos fins.
As folhas, como as escamas e penas representam o procriado.
Prepara seus remédios transportar o sangue preto
o Axé oculto
Verde - qualidade do preto
O sangue das folhas traz o poder do que nasce
É um Axé do mais poderosos.
Bom e perigoso.


Ógum O Caçador
Filho de Oxalá
Associado ao mistério das árvores

As formas recém nascidas (Mariwó) representam Ógum junto com seu machete de ferro com o qual ele desbrava os caminhos.
Asiwanjú - o que toma a vanguarda, vai a frente de todos, através de sua agressão, de seu machete abre caminho a quem o segue. É um desbravador depois de ter sido caçador, conhecer os segredos da floresta, se fez ferreiro e soldado.

Verde - Azul escuro
Patrono do sangue preto.

Oyá Filha de Óxum
Associada a água, a floresta e aos animais, ar , vento, tempestade e relâmpago.
Dirige e maneja ancestrais masculinos

Vermelho
símbolo pequena espada - agressividade
É mulher de Xangô

Representa com Xangô o aspecto masculino e feminino do vermelho.
Oyá se relaciona com floresta, terra é internamente vermelha.
É o relâmpago.

Era mulher de Ógun e não podia ter filhos. Só poderia ter criança de um homem que a possuísse com violência. Foi assim que Xangô a tomou.Oyá teve nove filhos dele, os oito primeiros nasceram mudos.Egugun seu último filho só podia falar com voz inumana.

Única orixá filha herdeira do princípio feminino do vermelho, representa o poder do pássaro. É a rainha mãe dos Egun..

Omi-eró - a água que apazigua, que torna propício.

Iyami Deve ser fecundada
Agarrar um ovo num punhado de algodão.
Ela se servirá dos pássaros e de seu poder
Matará aqueles que não a escutarem.
Ela dará dinheiro e filhos aos que pedirem.
Está distribuída em 7 árvores
3 dessas árvores para o bem
3 dessas árvores para o mal
1 para o bem e para o mal

Iyami mãe sustentadora do mundo

Iyami - minha mãe

Efé sai do mato na escuridão da noite, sua presença assegura a boa vontade das Iyami e seu poder de gestação.

Obá Associada a água a côr vermelha
Óxum, Oyá e Obá são mulheres de Xangô
Obá sendo a mais velha representa o aspecto mais antigo
Representação coletiva dos ancestrais femininos
Ë um símbolo genitor feminino, pertence aos Irumalé da esquerda

Irumalés Orixás associados a origem da criação e sua própria formação e seu Axé formam emanação direta de Ólorum. Associados a estrutura da natureza, do cosmos.

Egun Irumalé ancestres estão associados a história dos seres humanos. Associados a estrutura da sociedade. Espíritos dos seres humanos.
É um descendente, um Irumalé-filho, ancestre para os Ara aiyé descendente de Oxalá e Oduá na constelação do Órum.

CULTO EGUN consiste em tornar visíveis os espíritos ancestrais, em manipular o poder que emana deles e em atuar como veículo entre vivos e mortos. Mantém a continuidade da vida e da morte, mantém o controle da relações entre vivos e mortos, distinção entre os dois mundos: o dos vivos e dos mortos.

Signo mais evidente da continuidade da vida.

Da morte só vemos suas roupas exteriores, mas tanto o mistério da transformação, o awo, quanto o Iku os elementos que são sua extensão, não são, nem podem ser conhecidos.

Tem o poder, a função de garantir a imortalidade individual e a imortalidade da comunidade preservando sua estrutura social através da imposição e observância dos costumes e preceitos morais. São os guardiões da comunidade. É preciso evitar descontenta-los, irrita-los para assegurar a continuidade normal da existência.

Orixá entidades divinas, interioriza elementos da natureza e a sua natureza pertence a uma ordem cósmica. Eles regulam a ação do sistema como totalidade.

Iku morte, sua representação coletiva.
Concebido como um homem.
Morte é um símbolo masculino
Não fica num lugar fixo, mas roda em todo o mundo para realizar seu trabalho.
Ele sempre nos leva de volta para a terra

OS ANCESTRAIS SÃO A GARANTIA DE CONTINUIDADE DA EVOLUÇÃO E DA PROSPERIDADADE.


EŞU BARA


Está relacionado com os ancestrais femininos e masculinos e com suas representações coletivas, é um elemento constitutivo, na realidade o elemento dinâmico, não só de todos os seres sobrenaturais como também de todo o que existe. Como o Aşé que ele representa e transporta, participa de tudo.

Cada um tem seu próprio Eşu e seu próprio Olórum no corpo.

Cada ser humano tem seu Eşu individual, cada cidade, cada casa, cada entidade, cada coisa e cada ser tem seu próprio Eşu.

Se alguém não tivesse seu Eşu em seu corpo, não poderia existir, não saberia que estava vivo, porque é compulsório que cada um tenha seu Eşu individual.

Olórum representa o princípio da existência (criação) Eşu é o elemento que leva a propulsionar, a desenvolver, a crescer a transformar, a comunicar.

Em virtude da maneira como Eşu foi criado por Olodumaré, ele deve resolver tudo que possa aparecer e isso faz parte de seu trabalho e de suas obrigações. Cada pessoa tem seu próprio Eşu, o seu Eşu deve desempenhar seu papel, de tal modo que ajude a pessoa para que adquira um bom nome e o poder de desenvolver-se.

Olodumaré fez Eşu como se fosse um medicamento de poder sobrenatural próprio para cada pessoa. Isso quer dizer que cada pessoa tem a mão seu próprio remédio de poder sobrenatural podendo utiliza-lo para tudo que desejar.

Cada orixá possui seu Eşu, com o qual constitui uma unidade, é o elemento Eşu de cada um deles que desempenha e executa suas funções.

A função de Eşu consiste em solucionar, resolver todos os “trabalhos”, encontrar os caminhos apropriados, abri-los ou fecha-los e principalmente fornecer sua ajuda e poder afim de mobilizar e desenvolver tanto a existência de cada indivíduo como as tarefas específicas atribuídas e delegadas a cada uma das entidades sobrenaturais.

Eşu faz parte de tudo que existe. Ele deve existir com tudo e residir com cada pessoa deverá dirigir todos os seus caminhos na vida.

O Okotó (símbolo de Eşu)

O processo de crescimento, um crescimento constante e proporcional, uma continuidade evolutiva de ritmo regular. O Okotó simboliza um processo de crescimento. É como um pião que apoiado na ponta do cone, um só pé, um único ponto de apoio, rola “espiraladamente” abrindo-se a cada revolução, mais e mais, até converter-se numa circunferência aberta para o infinito (cume oco).

Okotó pião caracol

Orişirişi Eşu – fator de expansão a partir de um único elemento.
Agbá Eşu – de cuja a natureza múltiplas unidades participam.

O Okotó ilustra Eşu, apesar de numerosos, sua origem é única. Eşu é um multiplicado ao infinito.

Eşu Elegbará – é o senhor do poder é o controlador e a sua representação . Ele conduz Adó-iran a cabaça que contém a força e se propaga Eşu carrega em sua mão, Eşu só precisa apontar seu Adó para transmitir a força inesgotável que tem.

Eşu Elegbará é companheiro inseparável de Ogún. A ponto de chegarem a se confundir.
Ogún representa em virtude de sua semelhança simbólica. Ogún é o filho primogênito na constelação dos orixá, Eşu é o primogênito do universo.

Eşu Yangi – pedra vermelha de laterita, primeira matéria dotada de forma. Desprendida da terra, resultado da interação de água + terra, lama, matéria prima, da que Iku tomou uma porção para modelar o ser humano.

Eşu Yangi ou Eşu Agba, o Eşu pé do Okotó, rei de todos seus descendentes.

Eşu Oba – É o pai ancestre, mas, ao mesmo tempo, o primeiro nascido.

A historia conta, Olodumaré e Orixalá estavam começando a criar o ser humano. Assim criaram Eşu, que ficou mais forte, mais difícil que seus criadores: Olodumaré enviou Eşu para viver com Orixalá, este colocou-o à entrada de sua morada e o enviava como seu representante para efetuar todos os trabalhos necessários. Foi então que Orúnmila, desejoso de ter um filho, foi pedir um a Orixalá. Este lhe disse que ainda não tinha acabado o trabalho de criar seres e que deveria voltar um mês mais tarde, Orúnmila insistiu, querendo a qualquer preço levar um filho. Orixalá disse que não tinha nenhum. Então Orúnmila perguntou e aquele que vi na entrada de sua casa? É ele mesmo que eu quero. Orixalá explicou que aquele não era precisamente alguém que pudesse ser criado mimado no Aiyé.

Orúnmila insistiu tanto que Oxalá acabou por aquiescer. orúnmila deveria colocar a mão sobre a cabeça de Eşu e, de volta ao aiyé, manter relações com sua mulher Yebiirú, que conceberia um filho. Doze meses mais tarde ela deu a luz um filho homem e, porque Oxalá disse que a criança seria Alagbara, senhor do poder, orúnmila decidiu chamá-la Elegbará. Assim, desde que Orúnmila pronunciou seu nome, a criança, Eşu mesmo respondeu:
Mãe, mãe
Eu quero preás.
Filho, come, come,
Filho, come, come,
Um filho é como contas de coral vermelho,
Um filho é como cobre,
Um filho é como alegria indistinguível,
Uma honra apresentável que nos reapresentara depois da morte.

orúnmila trouxe preás todas que pode encontrar, Eşu acabou com elas. No outro dia a cena se repetiu com Eşu devorando todos os peixes que existiam na cidade. No terceiro dia Eşu quis comer aves. Gritou e comeu todas as espécies de aves.

Visto que consegui ter um filho,
O que acorda e usa duzentas vestimentas diferentes,
Filho continue a comer.

No quarto dia Eşu queria comer carne, orúnmila trouxe todos os animais quadrúpedes que pode achar: cachorros, porcos, cabras, ovelhas, touros, cavalos, etc... Até que não ficou um só quadrúpede Eşu não parou de chorar e no quinto dia disse:

Mãe, mãe,
Eu quero come-la

Eşu engoliu sua própria mãe. orúnmila, correu a consultar os Babaláwos, eles recomendaram fazer a oferenda de uma espada, de um bode e de 14 mil cauris. orúnmila fez a oferenda. No sexto dia depois do seu nascimento Eşu disse:

Pai, pai
Eu quero come-lo

orúnmila lançou-se a sua perseguição com a espada e Eşu fugiu quando orúnmila o apanhou. Cortou partes do seu corpo, a espalha-los, cada pedaço transformou-se em Yangi.

orúnmila cortou e espalhou duzentos pedaços e eles se transformaram em duzentos Yangi. Isto repetiu-se nos nove Órum. No último depois de ter sido talhado, Eşu decidiu pactuar com orúnmila: Este não devia mais persegui-lo, todos os Yangi seriam seus representantes e orúnmila poderia consulta-los cada vez que fosse necessário envia-los a executar os trabalhos que ele lhe ordenasse fazer, como se fossem seus verdadeiros filhos. Eşu assegurou que seria ele mesmo que responderia por meio dos Yangi (pedaços de leterita) cada vez que chamasse.

orúnmila perguntou sobre sua mãe que havia sido devorada. Eşu devolveu sua mãe e acrescentou:

orúnmila deveria chamá-lo
Se ele queria a todos e
Cada um dos animais e das aves
Que ele tinha comido sobre a terra,
Ele Eşu os assistiria para reavê-los das mãos da humanidade.

Eşu come cachorros, come porcos,
Bará anda senhorialmente,
Balançando-se para a direita e para esquerda.
Todos os atacantes se afastam
Quando ele vem chegando senhoril e sutilmente

Ele é o primeiro nascido da criação, transferido para a terra. É concebido por um casal e num processo de expansão. Ele se multiplica ao infinito. Se identifica com todos os seres da existência ingere não só todos os animais, mais sua mãe, ventre continente da humanidade. E “cortado” pela espada de seu pai se dividirá e se reproduzirá povoando todo o Aiyé e todo órum. Todo o ser no Aiyé ou no órum, deve estar acompanhado de seu Eşu.

Yebiirú – mãe que dá (origem) nascimento a filhos de todo tipo.










Está é a história de Oşetuá. Diz a história como Eşu chegou a transportar todas as oferendas aos pés de Olódumaré, o encarregado e transportador de oferendas. Elebo, na terra e no Orum.

Que devia consultar
O porta-voz principal do culto do Ifá,
A nuvem esta pendurada por cima da terra...,
Babaláwo dos tempos imemoriais,
Os siris estão no rio...
A marca do dedo requer pó adivinhatório de Ifá.
Estes foram os Babaláwo que jogaram Ifá
Para os quatrocentos Irumalé, senhores do lado direito e,
Jogaram Ifá para os duzentos Male, senhores do lado esquerdo
E jogavam Ifá para Óşun
Que tem uma coroa toda trabalhada de contas,
No dia que Oşetuá veio a ser o décimo sétimo dos Irumalé
Que vieram ao mundo,

Quando Olódumaré enviou os Orixá
Os dezesseis, ao mundo,
Para que viessem criar e estabelecer a terra.
E vieram verdadeiramente nessa época.
As coisas que Olódumaré lhes ensinou
Nos espaços do Órun constituíram os pilares de fundação que sustentam a terra para a existência de todos os seres humanos e os Ebora.

Olódumaré lhes ensinou que quando alcançassem a terra, deveriam abrir uma clareira na floresta, consagrando-a a Oro o Igbó-Óro.
Deveriam abrir uma clareira na floresta, consagrando-a Eégéun, o Igbo-Eégún.
Que seria chamado Igbó-Opá.

Disse ele que deveriam abrir uma clareira na floresta consagrando-a a Odú-Ifá, o Igbó-Odú,
Onde iriam consultar o oráculo a respeito das pessoas.

Disse ele que deveria abrir um caminho para os Orixá,
E chamar esse lugar de Igbó-Orişa, floresta para adorar Orixá,
Olódumaré lhes ensinou a maneira como deveriam resolver os problemas de fundação (assentamento) e adoração dos Ojúbo (lugares de adoração)

E como fariam as oferendas
Para que não houvesse morte prematura,
Nem esterilidade, nem infecundidade,
Que não houvesse perda,
Nem vida paupérrima, não houvesse nada
De tudo isso sobre a terra.
Para que as doenças sem razão lhes sobreviessem,
Que nenhuma maldição caísse sobre eles,
Que a destruição e a desgraça não se abatessem sobre eles

Olódumaré ensinou aos dezesseis Orixá o que eles deveriam realizar para evitar todas estas coisas,
Ele os delegou e enviou a terra,
A fim de executar tudo isso.
Quando vieram ao Ode-Aiyé, a terra,
Fundaram fielmente na floresta o lugar de adoração de Oró o Igbó-Oró.
Fundaram na floresta o lugar de adoração de Eégún.
Fundaram na floresta o lugar de adoração de Ifá que chamamos de Igbódu.
Também abriram caminho para os Orixá,
Que chamamos Ogbóooşa.
Executaram todos estes programas visando a ordem.

Se alguém estava doente,
Ele ia consultar Ifá ao pé de Orúnmila.
Se acontecia que Eégún podia salva-lo,
Dir-lho-iam.
Seria conduzido ao lugar de adoração na floresta de Eégún
Ao Igbo-Igbale.
Para que ele fizesse uma oferenda a Egúngún.
Talvez que um de seus ancestrais devesse ser invocado como Eégún.
Para que o adorasse, a fim de que
Esse Eégún o protegesse.

Se havia uma mulher estéril,
Ifá seria consultada, a respeito dela,
A fim de que Orúnmila pudesse indicar-lhe a decocção de Oşun que ela deveria tomar

Se havia alguém que estava levando uma vida de miséria,
Orúnmila consultaria Ifá, a respeito dele.
Poderia ser que Oró estivesse
Associado a sua própria entidade criadora.
Orúnmila diria a essa pessoa que
É a Oró que ela devia adorar
E ela seria conduzida a floresta de Oró

Enquanto realizavam as diversas oferendas,
Eles não chamavam Oşun
Cada vez que iam a floresta de Eégún,
Ou a floresta de Oró,
Ou a floresta de Ifá.
Ou a floresta de Ooşa

Ao seu retorno, os animais que eles tinham abatido fossem cabras,
Fossem carneiros,
Fossem ovelhas,
Fossem aves,
Entrega-nos a Oşun para que ela os cozinhasse.
Preveniram-na que quando ela acabasse de preparar os alimentos não devia comer nenhum pouco,
Porque deviam ser levados aos male, lá onde as oferendas são feitas.

Oşun começou a usar o poder das mães ancestrais Aje Iya-mi.
E estender-se sobre tudo o que ela fazia esse poder de Iya mi Ajé que tornava tudo inútil.
Se sê predissesse a alguém que ela ou ele não fosse morrer,
Essa pessoa não deixava de morrer
Se fosse proclamado que uma pessoa não sobreviveria
A pessoa sobrevivia.
Se sê previsse que uma pessoa daria a luz a um filho,
A pessoa tornava-se estéril.
Um doente a quem se dissesse que ficaria curado
Não seria jamais aliviado de sua doença.

Essas coisas ultrapassavam seu entendimento
Porque o poder de Olódumaré jamais tinha falhado
Tudo que Olódumaré lhes havia ensinado eles o aplicavam.
Mas nada dava resultado.
Que era preciso fazer?

Quando se congregaram numa reunião,
Orúnmila sugeriu que,
Já que eles eram incapazes de compreender
O que se estava passando por seus próprios conhecimentos.
Não havia outra solução senão consultar Ifá novamente.

Em conseqüência, Orúnmila trouxe seu instrumento
Adivinhatório, depois consultou Ifá.
Contemplou longamente a figura do Odú que apareceu e chamou esse Odú pelo nome Oşetua.
Ele olhou em todos os sentidos


A partir do resultado definitivo de sua leitura,
Orúnmila transmitiu a resposta a todos os outros
Odú-Agba.
Estavam todos reunidos e concordaram que não havia outra solução para todos eles.

Os Orixá Irunmalé, se não encontrar um homem sábio e instruído que pudesse ser enviado a Olódumaré.
Para que mandasse a solução do problema e o tipo de trabalho que devia ser feito para o restabelecimento da ordem,
A fim de que as coisas voltassem a normalizar-se, e nada mais interferisse no seu trabalho.

Diziam que tudo que acontecesse ele,
Orúnmila deveria ir a Olódumaré.
Orúnmila ergueu-se. Serviu-se de seu conhecimento
Para utilizar pimenta.

Serviu se de sua sabedoria para tomar nozes de Obi,
Despregou seu Odún (tecido de ráfia) e o prendeu no seu ombro,
Puxou seu cajado do solo,
Um forte redemoinho o levou, e
Ele partiu até os vastos espaços do outro mundo para encontrar Olódumaré.

Foi lá que Orúnmila reencontrou Eşu Odara.
Eşu já estava com Olódumaré.
Eşu fazia sua narração a Olódumaré. Explicava que aquilo que estava estragando o trabalho dele na terra era o fato de eles não terem convidado a pessoa que constituía décima sétima entre eles.
Por esta razão ela estragava tudo.
Olódumaré compreendeu.

Assim que Orúnmila chegou, apresentou seus agravos a Olódumaré.
Então Olódumaré lhe disse que deveriam ir e chamar a décima sétima pessoa entre eles
E leva-la a participar de todos os sacrifícios
A serem oferecidos.
Porque alem disso,
Não havia nenhum outro conhecimento que ele lhes pudesse
Ensinar
Senão as coisas que ele já lhes havia dito.

Quando Orúnmila voltou a terra,
Reuniu todos os Orixá,
e lhes transmitiu o resultado de sua viagem.
Chamaram Oşun e lhe disseram que ela deveria segui-los
Por todos os lugares onde deveriam oferecer sacrifícios,
Mesmo na floresta de Eégun.
Oşun recusou-se:
Ela jamais iria com eles
Começaram a suplicar a Oşun e ficaram prostrados
Um longo tempo.
Todos começaram a homenageá-la e a referenciá-la.
Oşun os maltratava e abusava deles.
Ela maltratava Orixalá,
Maltratava Ogún,
Maltratava Orúnmila,
Maltratava Osãnha,
Maltratava Oranfe,
Ela continuava a maltratar todo o mundo.

Era o sétimo dia quando Oşun se apaziguou.
Então eles lhe disseram que viesse.
Ela replicou que jamais iria,
Disse, entretanto, que era possível fazer uma outra coisa
Já que todos estavam fartos dessa história.

Disse que se tratava de criança que levava em seu ventre.
Somente se eles soubessem como fazer para que ela
desse à luz uma criança do sexo masculino,
isto significaria que
ela permitiria então que ele a substituísse
e fosse com eles.

Se ela dessa a luz a uma criança do sexo feminino,
Podiam estar certos de que essa questão
Não se apagaria em sua mente.
Ficariam ai pedaços, pedaços e pedaços.
E eles deveriam, saber com certeza que esta terra
Pereceria,
Deveriam criar uma nova.

Mas se ela desse a luz a um filho homem,
Isso queria dizer que, evidentemente, o próprio Olórum
Os tinha ajudado.
Assim apelou-se para Orixalá e para todos os outros
Orixá.
Para saber o que deveriam fazer para que a criança
Fosse do sexo masculino.

Disseram que não havia outra solução
A não ser que todos utilizassem o poder – Axé -
Que Olódumaré tinha dado a cada um deles; cada dia
Repetidamente.
Deveriam vir, para que a criança nascesse do sexo masculino
Todos os dias iam colocar seu – Axé – seu poder –
Sobre a cabeça de Oşun,
Dizendo o que segue:
“Você Oşun!
Homem ele deverá nascer,
A criança que você traz em si!”
Todos responderam “assim seja”, dizendo
“tó!” acima de sua cabeça...

Assim fizeram todos os dias, até que chegou
O dia do parto de Oşun
Ela lavou a criança
Disseram que ela deveria permitir-lhes vê-la.
Ela respondeu “não antes de nove dias”
Quando chegou o novo dia, ela os invocou a todos.

Esse era o dia da cerimônia do nome, da qual se originaram
Todas as cerimônias de dar nome.
Mostrou-lhes a criança,
E a pôs nas mãos de Orixá.
Quando Orixalá olhou atentamente a criança
E viu que era um menino gritou:
“Múso”...! (hurra)
todos os outros repetiram “Múso”...!
Cada um carregou a criança,
Depois abençoaram.

Disseram: “Somos gratos por esta criança ser um menino”.
Disseram: “Que tipo de nome lhe daremos”?
Orixá disse: “Você saber muito bem que cada dia
Abençoamos sua mãe com nosso poder
Para que ela pudesse dar a luz uma criança do
Sexo masculino,

E essa criança deveria justamente chamar-se
A-Ş-E-U-W-Á (Poder trouxe ele a nós)
Disseram: “Acaso você não sabe que foi o poder do Axé
Que colocamos nela que forçou esta criança a vir ao mundo,
Mesmo se antes ela não queria vir a terra sob forma
De uma criança do sexo masculino?
Foi nosso poder que a trouxe a terra.”
Eis por que chamaram a criança Aşetuwá

Quando chegou o tempo.
Quando chegou o tempo,
Orúnmila consultou o oráculo acerca da criança,
Porque todos devem conhecer sua origem e destino,
Colheram o instrumento de Ifá para
Consultá-los.
Eles o manipularam e o adoraram.
Era chegado o momento de consultar Ifá a respeito
Dele, para saberem qual era o seu Odú, para que o
Pudessem iniciar no culto de Ifá.
Levaram no à floresta de Ifá,
Que chamamos Igbódu, onde Ifá revelaria que Oşe e
Otuá eram seu Odú.

Este foi o resultado que ele deu a respeito da criança
Orúnmila disse: à criança que Oşe e Tuwá fizeram nascer,
Que antes chamamos Aşetuwá.
Disse,
“Chamemo-la antes de Oşetuá”.
Foi por isso que chamaram a criança
Com o nome do Odú de Ifá que lhe
Lhe deu nascimento, Oşetuá.

Aşetuá era o nome que ele trazia anteriormente.
Assim, a criança participou do grupo dos outros Odú,
Ao ponto de ir com eles a todos os lugares
Onde se farão as oferendas na terra.

Foi assim que todos as coisas que Olódumaré lhes
Tinha ensinando
Deixaram de ser corrompidas.
Cada vez que proclamavam
Que as pessoas não morreriam,
Elas realmente sobreviviam
E não morriam.
Se diziam que as pessoas seriam ricas,
Elas tornavam-se realmente ricas.
Se diziam que a mulher estéril conceberia
Ela realmente dava a luz.
A própria Oşun deu a essa criança um nome
Nesse dia.

Disse ela: “Oşó a gerou (significando que a criança era filho do poder mágico);
Porque ela mesma era um Ajé
E a criança que ela gerou é um filho homem.
Disse ela: “Akin Oşó”,(Akin Oşo, poderoso mago, homem bravo dotado de grande poder sobrenatural)
Eis o que a criança será!

É por isso que eles chamaram Oşetuá de Akin Oşo,

Entre todos os Odú Ifá e entre os dezesseis Orixá mais velhos.
Depois eles disseram que em qualquer lugar onde os maiores se reunissem,
Seria compulsório que a criança fosse um deles.
Se não encontrassem o décimo sétimo membro,
Não poderiam chegar a nenhuma decisão;
E se dessem um conselho, não poderiam ratifica-lo.

Finalmente. Aconteceu!
Sobreveio uma seca na terra.
Tudo estava seco!
Não havia nem orvalho!
Fazia três anos que tinha chovido pela última vez.
O mundo entrou em decadência.

Foi então que eles voltaram a consultar Ifá
Ifá Ajalaiyé. (a que administra a terra)
Quando Orúnmila consultou Ifá Ajalaiyé, disse que
Deveriam fazer uma oferenda, um sacrifício, e
Preparar a oferenda de maneira que chegasse a
Olódumaré.
Para que Olódumaré pudesse ter piedade da terra
Se isso continuasse, a destruição era inevitável:
Era iminente.

Somente se pudessem fazer a oferenda,
Olódumaré teria sempre misericórdia deles.
Ele se lembraria deles e zelaria pelo mundo.
Foi assim que prepararam a oferenda.

Eles colocaram:
Uma cabra,
Uma ovelha,
Um cachorro e uma galinha,
Um pombo,
Um preá,
Um peixe,
Um ser humano e
Um touro selvagem,
Um pássaro da floresta.
Um pássaro da savana,
Um animal doméstico.
Todas essas oferendas,
E ainda dezesseis pequenas quartinhas cheias de azeite de dendê
Que eles juntaram nesse dia.
E os ovos de galinha, e
Dezesseis pedaços de pano branco puro.

Preparam as oferendas apropriadas usando folhas de Ifá,
Que toda a oferenda deve conter.
Fizeram um grande carrego com todas estas coisas,

Disseram então, que
O próprio Eji-Ogbé deveria levar essa oferenda a
Olódumaré.
Ele levou a oferenda até as portas do órum,
Mas não lhe foram abertas.
Eji-Ogbé voltou à terra.

No segundo dia Oyeku-Méji a carregou,
Ele voltou
Não lhe abriram as portas.

Iwori-Méji levou a oferenda,
Assim fizeram Odi-Méji,
Irosum-Méji,
Oworin-Méji,
Odará-Méji,
Okaran-Méji,
Ogunda-Méji,
Oşa-Méji,
Iká-Méji,
Oturúpon Méji
Otúa Mejí
Irete Méji,Oşe Méji,
Ofún Méji,
Mas não puderam passar,
Olórun não abria as portas

Assim decidiram que o décimo sétimo entre eles
Deveria ir experimentar seu poder,
Antes que tivessem que reconhecer que
Não tinham mais nenhum poder.

Foi assim que Oşetuá foi visitar certos Babaláwo,
Para que eles consultassem o oráculo para ele
Esses Babaláwo traziam os nomes de
Vendedor de azeite de dendê
E comprador de azeite de dendê.
Ambos esfregaram seus dedos com pedaços de cabaça.
Jogaram Ifá para Akin Oşo Enimare (Oşun),
No dia em que ele conseguiu levar a oferenda ao
Poderoso Orun.

Disseram que ele deveria fazer a oferenda;
Disseram, quando ele acabasse de fazer a oferenda,
Disseram, no lugar a respeito do
Qual ele estava consultando Ifá,
Disseram, ali, ele seria coberto de honras
Disseram suderá que
A posição que ele ali se cansasse.
Disseram, essa posição seria para sempre
E não desapareceria jamais.
Disseram, as honras que ele ali receberia,
Disseram, o respeito, seriam intermináveis.
Dissera: “Você verá um velha no seu caminho”,
Disseram, “Faça lhe o bem”.

Assim quando Oşetuá acabou de preparar a oferenda,
Seis pombos,
Seis galinhas,
Com seis centavos, e
Quando estava em seu caminho,
Ele encontrou uma velha.
Ele carregava a oferenda no caminho que levaria a Eşu,
Quando encontrou essa velha na sua rota.
Essa velha era da época em que a existência se originou.

Disse: “Akin Oşo!
A casa de quem vai você?”
Disse: “Eu ouvi rumores a respeito de todos vocês
Na casa de Olófin, que
Os dezesseis Odú mais idosos levaram uma oferenda
Ao poderoso Orum sem sucesso”.
Disse: “Assim seja”.
Disse: “É sua vez hoje?”
Disse: “É minha vez”.
Disse: “Tomou alimentos hoje?”
Disse ela: “Quando você chegar a seu sítio,
Diga-lhes que você não irá hoje”.
Disse ela: “Esses seis centavos que você me deu”.
Disse: “Há três dias não tinha dinheiro
Para comprar comida”.

Disse: “Diga-lhes que você não irá hoje”.
Disse: “Quando chegar amanhã você não deve comer,
Você não deve beber antes de chegar ali”.
Disse: “Você deve levar a oferenda”.
Disse: “Todos esses que ali foram, comeram da comida
Da terra,
Essa é a razão por que Olórum não lhes abriu
A porta”!

Quando Oşetuá voltou a casa de Oba Ajalaiyé,
Todos os Odú Ifá estavam reunidos lá.
Disseram: “Você deve estar pronto agora,
É sua vez hoje de levar a oferenda ao órum,
Talvez a porta seja aberta para você!”
Disse ele que estaria pronto no dia seguinte,
Porque não tinha sido avisado na véspera.

Quando chegou o dia seguinte, Oşetuá foi encontrar Eşu,
E lhe perguntou o deveria fazer.
Eşu responde”. “Como!
Jamais pensei que você viria me avisar
Antes de partir”.

Disse ele: isso vai acabar:
Hoje eles lhe abrirão a porta!”
Perguntou ele:
Tomou algum alimento?”
Oşetuá lhe respondeu que uma velha lhe tinha dito na véspera
Que ele não devia comer absolutamente nada.

Então Oşetuá e Eşu puseram-se a caminho.
Partiram em direção aos portões do órum.
Quando chegaram lá.
As portas já se encontravam abertas.

Quando levaram a oferenda a Olódumaré
E ele examinou
Olódumaré disse: “Haaa!
Você viu qual foi o último dia que choveu na terra?!
Eu me pergunto se o mundo não foi completamente
Destruindo.
Que pode ser encontrado lá ?”
Oşetuá não podia nem abrir a boca para dizer
Qualquer coisa.
Olódumaré lhe deu alguns “feixes”de chuva.
Reuniu, como outrora as coisas de valor do Orum,
Todas as coisas necessárias para a sobrevivência do
Mundo e deu-lhas.
Disse que ele Oşetuá, Oşetuá deveria retornar.

Quando deixaram a morada de Olódumaré,
Eis que Oşetuá perdeu um dos feixes de chuva.
Então a chuva começou a cair sobre a terra.
Choveu, choveu, choveu, choveu, choveu...

Quando Oşetuá voltou ao mundo
Em primeiro lugar foi ver quiabo.
Ele encontrou quiabo.
Quiabo tinha produzido vinte sementes.
Quiabo que não tinha nem duas folhas,
Um outro não tinha mesmo nenhuma folha em seus
Ramos.
Voltou-se em direção à casa do quiabo escarlate,
Ilá Iroko tinha produzido trinta sementes.
Quando chegou a casa de Yáyáá,
Esse havia produzido cinquenta sementes.
Foi então até a casa da palmeira de folhas exuberantes,
Que se encontrava na margem do rio Aworin Mogún.
A palmeira tinha dado nascimento a dezesseis rebentos,

Ele voltou
A casa de Oba Ajalaiyé.
Aşe se expandia e se estendia sobre a terra.
Sêmen convertia-se em filhos.
Homens em seu leito de sofrimento se levantavam,
E todo o mundo tornou-se aprazível,
Tornou-se poderoso.
As novas colheitas eram trazidas dos plantios.
O inhame brotava,
O milho amadurecia,
A chuva continuava a cair
Todos os rios transbordavam.
Todo mundo era feliz

Quando Oşetuá chegou,
Carregaram-no pra montar num cavalo,
Estavam mesmo a ponto de levantar o cavalo do chão
Para mostrar até que ponto as pessoas estavam ricas
E felizes.
Estavam de tal forma contentes com ele,
Que o cobrirão de presentes
Os que estavam a sua direita,
Os que estavam a sua esquerda,
Começaram a saudar Oşetuá.
“Você é o único que conseguiu levar a oferenda ao órum,
a oferenda que você levou ao outro mundo era poderosa!
Sem hesitação, rápido aceite esse dinheiro
E ajude-me a transportar essa oferenda ao órum!
Oşetuá! Aceite rápido!
Oşetuá! Aceite minha oferenda”.

Todos os presentes que Oşetuá recebeu
Os deu todos a Eşu Odara.
Quando os deu a Eşu,
Eşu disse:
“Como”
há tanto tempo ele entregava os sacrifícios, e não houve ninguém para retribuir-lhe a gentileza.
“Você Oşetuá!”
todos os sacrifícios que eles fizerem sobre a terra,
se não os entregarem primeiro a voce,
para que você possa trazer a mim,
farei que as oferendas sejam mais aceitáveis”.

Eis a razão pela qual
Sempre que os Babaláwo fazem sacrifícios,
Qualquer que seja o Odú Ifá que apareça e
qualquer que seja a questão,
devem invocar Oşetuá para que envie as oferendas a Eşu.
Porque é só de sua mão que Eşu
Aceitará as oferendas
Para leva-las ao Ode-Orun.

Porque quando Eşu mesmo
Recebia os sacrifícios das pessoas da terra
E os entregava no lugar onde as oferendas são aceitas.
Eles não demonstravam nenhum reconhecimento pelo que
Ele fazia para todos,

Até o dia que Oşetuá teve que carregar o sacrifício,
E Eşu foi abrir o caminho apropriado para o órum.
Para alcançar Olódumaré,
Quando se abriram as portas para ele.
A qualidade de gentileza que Eşu recebeu de Oşetuá
Era realmente muito valiosa para ele (Eşu)

Então ele e Oşetuá decidiram combinar um acordo
Pelo qual todas as oferendas que deveriam ser feitas
Deveriam ser-lhe enviadas por intermédio, de Oşetuá.
Foi assim que Oşetuá se converteu no entregador de
Oferendas para Eşu.

Eşu Odara, foi assim que ele se converteu em
O portador de oferendas para Olódumaré no poderoso órum.
É assim como este Odú Ifá explica, a respeito de Eşu e
Oşetuá,

Como eles se converteram em encarregados e portadores das
Oferendas para o órum, assim como já declaramos.

Oşe-twá – Representante direto de Eşu o encarregado de transportar as oferendas, Eşu Elebo o proprietário, o que controla, o que regula o Ebó, a oferenda ritual. Também é chamado Eşu Eleru, senhor do Eru, carrego ritual.

Nasceu do ventre e do Aşé de Oşun Olori Iyami Ajé, poder supremo feminino, e do Aşé dos dezesseis Irumale Agbá Odú, do poder supremo masculino.

Estabelece a relação harmoniosa entre feminino e masculino através da fertilização, pelo nascimento do descendente.

É a única entidade para quem são abertas as portas do órum, quando a relação órum fica abalada e a seca ameaça destruir a terra, o descendente é o único que pode transportar, fazer aceitar o Ebó e, trazer a chuva, fertilizar a terra, restabelecendo a relação órum.

O sacrifício em toda a sua gama de propósitos e de modalidades, restituindo e redistribuindo Aşé, é o único meio de conservar a harmonia entre os diversos componentes do sistema.

Eşu Ojíse-Ebó, em seu caráter descendente, de terceiro elemento, é o único que pode mobilizar o processo, levando e entregando as oferendas a seu lugar de destino, completando o ciclo do sacrifício.

O filho que devorou todos os alimentos da terra e se multiplicou povoando o Aiyé e o órum, compromete-se a exigir a devolução de tudo que foi devorado sob a forma de Ebó, que deverão ser efetuados por todos os seres que povoam os dois mundos.

É a devolução que permite a multiplicação e o crescimento. Tudo aquilo que existe de forma individualizada deverá restituir o que o filho protótipo devorou.

Eşu sendo interação e resultado esta associado a atividade sexual. O falo e suas formas transferidas tais como seu gorro tradicional com sua longa ponta caída, os estilos de penteados, em forma de crista, de longas tranças ou rabos de cavalo caído às costas. Em quase todas as suas representações Eşu é símbolo de atividade sexual.
O seu Ogo (lança) e as formas e símbolos de deslocamento fálico confundem-se com a representação de Obe Eşu – Eşu Olobe, proprietário e senhor da faca, responsável pelo desprendimento ou pela divisão das porções do útero mítico fecundado.

Eşu é o resultado, o descendente, o filho.

Ele é o processo da vida de cada ser. É o velho, o adulto, o adolescente e a criança. É o primeiro nascido e o último a nascer.

É o principio da comunicação, ele passa de um objeto a outro, de um ser a outro é Ojíse o mensageiro que estabelece relação do Aiyé com o órum,dos Orixá entre si, destes com os seres humanos.

Boca coletiva

É o nome pelo qual se Eşu quando foi representa-los aos pés de Olórun. Eşu uniu os pedaços em sua própria boca e desde então fala por todos.

É no seu papel de principio da vida, ou elemento de comunicação, que Eşu Bará esta ligado a evolução e ao destino de cada indivíduo. Como tal é o senhor dos caminhos, Eşu Ona, e ele pode abri-los ou fecha-los segundo as circunstâncias. Pode abri-los aos elementos agressores e destrutivos, os Ajagun, ou aos elementos positivos. É o controlador dos Ona Burukú, caminhos condutores do mal, e dos Ona Rere, condutores das boas coisas, tanto do órum como do Aiyé.

Eşu fica a esquerda dos caminhos e daí controla a entrada e a saída de todo o trafego. Seu lugar favorito é a encruzilhada de três caminhos, Orita, onde os caminhos se encontram e repartem.

Eşu Ijelú – associado ao Okotó, multiplicação e crescimento de seres diferenciados, é o aspecto de Eşu que regula é o resultado do processo oculto é completamente preto.

O elemento que lhe pertence é o fogo (Iná) o vermelho que transporta é pleno, é sangue que circula que dá vida.

É o pássaro, o Eléye. É quem veicula o poder do vermelho representado pelo Egán.
















Historia do modo como Eşu se tornou o decano de todos os Orixá.


A historia do
Modo como Eşu tomou a primazia
Das mãos de todos os Orixá
E Ebora que então eram seus mais velhos.

Quando Eşu tentava apoderar-se do comando,
Foi consultar Ifá (para saber)
Como esse pensamento poderia se tornar realidade
e o que poderia ser feito para que esse pensamento
se materializasse.
Ele foi consultar o oráculo
dos seguintes Babaláwo:
bater-se desesperadamente não faz a ancianidade,
a quem Olórun cria como senhor
é aquele que chamamos pai na terra.
Bater-se desesperadamente não faz a ancianidade,
A quem Olórun cria como senhor
É aquele que chamamos pai
Nos espaços do Orun.

Todos eles jogaram
Ifá para Eşu Odara,
No dia em que ele foi procurar o senhorio
Sobre os dezesseis Irunmale,
Quando obteve a primazia sobre os dezesseis Irunmale
Do mundo.

Disseram, você Eşu,
Disseram, você deve oferecer um sacrifício,
Disseram, o sacrifício que você fará
Disseram, seria afim daquilo que
Você pensa
Venha ser verdade.

Eşu perguntou
O que deveria oferecer em sacrifício.
Eles disseram: “Três penas de papagaio vermelho, Ekódide,
Três galos de crista “bem madura”.
Disseram que deveria adicionar quinze centavos
E azeite de dendê e fazer uma oferenda
De palmas recém brotadas, mariwo.

Eşu fez a oferenda a todos os Babaláwo.
Depois que fez a oferenda,
Eles decidiram lhe dar uma pena de papagaio vermelho.
Disseram leva-la sobre ele mesmo todo o tempo.
Disseram para não se servir de sua cabeça para transportar
Nenhum carrego,
Disseram não antes de três meses.

Então Eşu se preparou:
Apanhou sua única pena de papagaio vermelho, Ekódide
E a colocou na cabeça.

Quando Eşu estava para partir,
Olódumaré teve um pensamento
A partir da mensagem transmitida pela oferenda.
Olódumaré teve então essa idéia:
Gostaria de conhecer
Aquele que estivesse dando o melhor de si,
Zelando pelo bom andamento do mundo, entre todos
Os orixá e os Ebora
Que ele tinha criado.

Ele disse então que todos deveriam vir
A fim de lhes perguntar até que ponto estavam
Administrando os assuntos da terra.
Quando ele lhes pediu que viessem,
Cada um preparou as coisas com as quais
Adoraria Olódumaré.

Eles arrumaram em pequenos carregos.
Quando arrumaram todos esses carregos,
Todos se reuniram
Orişala e Olófin e Ogún, Ija,
Oşosi, Sonikéré, Obagede, obalufon,
Ifá, Orişaoko, Yemanjá.
Todos incluindo Oşun e os outros
Que estavam preparando
Para ficar prontos para partir em direção aos espaços
Abertos do Orun.

Partiram em viagem,
Em fila “Um atras do outro”
Quando Eşu se pôs a caminho,
Se perguntou,
Se sê forçasse a carregar qualquer coisa agora,
Bem, será que tudo não ficaria inutilizado?

Para isso
Se lhe fizeram perguntas,
Saberia o que dizer:
Que era uma propiciação que tinha sido feita para ele
E não podia carregar carregos naquele momento.

Depois Eşu apanhou sua pena de papagaio vermelho, Ekódide,
E a colocou na cabeça.
Ele não colocou nenhum gorro.

Todos os Orixá
Os que tinham colocado um gorro,
Os que tinham colocado coroas,
Os que tinham colocado chapéus,
Os que também levavam carregos,
Os que também levavam seus embrulhos na mão,

Mas Eşu não levava nada e não colocou gorro nem
Carregava algum pacote:

Assim iam todos eles
Quando alcançaram os espaços de Olódumaré
Foram e colocaram-se em
Sua direção: quando estavam assim,
Foi ele próprio que lhes apareceu.

Depois, que Olódumaré os fitou por um bom espaço de
Tempo, não lhes fez nenhuma pergunta sobre
A maneira como tinham se conduzido na terra.
Porque Olódumaré e Olúmonokon, aquele que conhece os corações. Fitando-os assim

Disse,
todos vocês que estão lá em pé
e disse,
a pessoa que carregou Ekódide na cabeça,
disse,
que deveriam faze-lo aproximar-se.
Assim ele veio.
Ele disse,
Você que veio revelar isto:
Você é aquele que reuniu todos os habitantes da terra
E esteve fazendo mais trabalho para eles,

Disse,
É por isso que você colocou o Ekódide na cabeça.
Ele disse, os outros Orixá trouxeram carregos atras
De você,

Disse,
Você é aquele que os conduziu até aqui.
Eşu não disse nada.
“Assim seja” disse Eşu

Nesse dia Olódumaré disse a todos,
Numa resposta pronunciada num tom sem réplica:
“Quando vocês chegarem aos seus lugares de morada,
Para onde retornarão.

Tudo o que devem fazer,
Aquele que foi seu líder, que carregou o emblema Egán
Em sua cabeça,
É a quem vocês devem procurar e falar.
Ele deverá trazer-me todas as sugestões de vocês,
Por que hoje vocês mostraram que
Aquele que os guiou para que pudessem
Submeter-me suas sugestões, é ele.
E por isso ele viu Egán em sua cabeça.

E ninguém discutiu.
Eis como Eşu veio a conduzi-los
Todos de volta a terra nesse
Particular momento.

A canção que eles cantaram nesse dia, no caminho
De volta,
Dizia:

“Eşu não levou carrego de homenagem e submissão,
Eşu não levou carrego de homenagem e submissão;
(porque) Égan vermelho erguia-se destacando-se em sua cabeça;
Eşu não podia levar carrego de homenagem e submissão”.

Assim, Eşu retornou à terra;
Quando chegou a terra,
Ele disse então que daria uma festa comemorativa
Porque Olódumaré lhe tinha dado
Poder e status
Conhecidos de todos os Orixá;
Aqueles que ignorassem a autoridade de Eşu,
Eşu faria com eles como
A corda dobra o arco e como
Arinako se abate sobre o caracol.

E Eşu festejou alegre
Acontecimento entre os quatrocentos Irunmale
Do lado direito
E os duzentos male do lado esquerdo.
Começaram a imitar seu costume
Colocando a pena Ekódide
Como emblema de Aşe durante seus ritos de celebração
Anual ou como emblema de sacrifício propiciatório

Cada vez que eram realizados.
É por isso que a pena Ekódide,
Se tornou um preceito tradicional para todos eles.
Essa pena de papagaio vermelho, Eşu foi
O primeiro a leva-la aos vastos espaços do Orun.

De acordo, com o que ele havia escutado
Dos Babaláwo que ele tinha consultado
O oráculo Ifá para ele, sobre a maneira como
apossar-se do senhorio.

É por isso que essa pena de papagaio vermelho foi
Chamada Egán.
Cada vez que se iniciar alguém no culto de Ifá
Até hoje coloca-se esse Egán na
Cabeça dessa pessoa, onde for iniciado, e
Ele não deve colocar carrego sobre sua cabeça durante
Sete dias, depois dos quais ela pode retirar esse Égan.

Este é o Aşe de Eşu
Cujo poder lhe foi dado por Olódumaré,
Quando ele se serviu disso par conquistar
O senhorio sobre os Orixá

É por isso que colocar um Ekódide
Na cabeça leva o nome de Egán.
Nenhuma pessoa, deve colocar a pena para brincar;
Até hoje, se alguém coloca em sua
Cabeça para brincar e se permanecer
Algum tempo,
Essa pessoa provoca a cólera de Eşu
Salvo se essa pessoa se serviu disso quando de uma oferenda
Dirigida aos Irunmale ou aos Orixá, se é para
Isso que ela o colocou em sua cabeça
Só por essa razão é que ela
Pode não provocar a cólera de Eşu

Essa pena de papagaio vermelho foi utilizada
Por Eşu para tomar a soberania das mãos de todos
Os Orixá naquela tempo.
Ele começou então a elogiar os sacerdotes de Ifá
E lhes agradecia sinceramente,
- Bater-se desesperadamente não traz a ancianidade,

A quem Olórum cria como senhor
É aquele que chamamos pai na terra;
Aquele a quem Olórum cria como senhor
É aquele que chamamos pai no Orun.

Esses foram os sacerdotes que consultaram
Ifá para Eşu Odara quando ele queria tomar o senhorio
Das mãos dos dezesseis Irunmale, dos quatrocentos Irunmale da direita
E os duzentos male da esquerda.
Eşu Odara
É aquele quando você se levantar, ao qual é preciso
Fazer apelo
Para que ele lhes providencie o alimento.
Eşu Odara!

É ele, quando você se levantar, ao qual é preciso
Fazer apelo
Para que lhes providencie a bebida.
Eşu Odara!
É aquele que guiou todos os Irunmale
De retorno a terra.

Eis como Eşu ganhou a soberania daquele tempo
Até agora.

Não existe ninguém que coma
Ou esteja instalado com realeza, sem
Que haja recorrido a Eşu primeiro

Então as pessoas disseram:
Demos a Eşu o que lhe é de direito
Para não causar seu descontentamento
De maneira a que o que desejamos fazer chegue a bom termo.

Então Eşu tornou-se o Asiwánjú, aquele que vai a frente
De todas as pessoas da terra,
Pela segunda vez.
É assim que Oşwtuá conta essa história sobre Eşu.

Todos os seres do Orun ou do Aiyé, sem exceção, Todos os Irunmale, todas as porções da existência diferenciada, só podem existir e expressar por possuir, por estar “acompanhados” por seu Eşu, seu princípio de vida individual, seu elemento dinâmico; o rei do Corpo.

BARA = OBA + ARA o rei do corpo

O primeiro que se cultua e se serve. O senhor de todos os elementos.
“Se cada coisa e cada ser não tivesse seu próprio Eşu em seu corpo, não poderia existir, não saberia que estão vivos”.

EŞU OLOBE – o proprietário do Obe, da faca

Padé (Aiocope de Ipadé) reunião ato de reunir destinado a invocar todos os Irunmale divinos e ancestrais, da direita e da esquerda, pelo intermédio de Eşu.
Trata-se de uma cerimônia carregada de perigo em virtude do poder sobrenatural das entidades que serão invocadas. A sua finalidade consiste em propulsionar e em manter as relações harmoniosas com estas entidades e em obter ou restabelecer, por meio de oferendas apropriada, seu favor e proteção.
Durante o Padé, Eşu é invocado sob duplo significado de Iná, fogo e de Odara, aquele que provê bem estar.

Apresento meus humildes respeitos a Olódumaré
Que colocou no mundo Iná (o fogo)
Para que ele seja o herdeiro da floresta.
Foi assim que Elegbáa foi feito.
Então ele tomou Lápetekú, sua mãe,
Aquela que é verdadeiramente a mãe de Elegbáa,
Ele tomou Ocómo Oşánşán
Aquele que é verdadeiramente o pai de Elegbáa,
Colocou ambos no caminho.
Quando as pessoas passam, eles as estão vendo.
Eles não tem abrigo nem lugar de adoração,
Se os Babaláwo querem zelar por eles
Irão ao encontro deles.
Quando eles forem,
Levarão azeite de dendê
Para oferecer a mãe de Elegbáa no caminho
E cantam como segue:
Poderoso pássaro de asas poderosas;
Muito velho pássaro que não se expõem jamais ao sol,
Eles são os fundadores das linhagens de Elegbáa
Ao pé de Olódumaré,
Então Olódumaré dirá; assim seja;
Iná é o herdeiro da floresta
É o herdeiro da savana
Vieram juntos
E engendraram Elegbáa no caminho.
Eşu eis o azeite de dendê para você.
Eşu eis a água para você,
Eşu eis o álcool para você,
Eşu percorre a cidade de Ifé de um lado para outro.

O ritual

Invocação de Eşu Iná, acompanhada de oferendas
Solicitando sua presença para que ele reine e zele
Pelo terreiro e assuma suas funções.

Eşu invocado como Elebo sob o aspecto de Odara
É convidado a levar a oferenda a Baba Orixá,
Aos ancestrais masculinos.

São convocados Egún e os Esa, os ancestrais fundadores
Do terreiro pedindo-lhes para aceitar das
Mãos de Eşu as oferendas.

Chamavam-se os seis principais Orixás do terreiro
Para que venham fortalecer e ajudar a celebrar o
Rito. A presença de Iya-Mi Oşoronga será solicitada
Com oferendas apropriadas que lhe entregará Eşu.

O poderoso ancestre guiará e sustentará aqueles
Celebram os ritos.
Diga aos fiéis que venham e continuem sempre
A celebrar os ritos.
Eşu Agbó sustentará os fiéis,
Diga aos fiéis que venham e continuem sempre
A celebrar os ritos.

EŞU AGBO – O Eşu guardião e protetor










A VIDA E A MORTE

O universo cada um dos elementos, todos os seres do Aiyé, possuem seus dobles no Orun. Todos eles possuindo componentes da morte e da vida.

O ser humano como todos os seres é constituído por elementos coletivos, representações deslocadas das entidades genitoras, míticas ou divinas e ancestrais ou antepassados e por uma combinação de elementos que constituem sua especificidade, sua unidade individual.

O corpo é um pedaço de barro modelado. O mito do Ikú e a porção de lama que serviu para a criação do ser humano. Depois da morte o corpo deve ser posto na terra para que a lama volte de onde ela foi separada para ser modelada.

O corpo é constituído de duas partes o Ori, a cabeça e o Apere, seu suporte. Para adquirir existência deve conter Émi, a respiração, elemento essencial que diferencia o Ara Aiyé do Ara Orun.

Cada elemento constitutivo do ser humano é derivado de uma matéria de origem que lhe transmite suas propriedades e seu significado simbólico. Estas entidades de origens ancestrais divinas ou familiares, são símbolos coletivos dos quais partes individualizadas despreendem-se para constituir o indivíduo. Esses elementos possuem dupla existência uma parte reside no Orun, o mundo sobrenatural, a outra parte reside no indivíduo em regiões particulares do seu corpo. Ori-Apere, a cabeça e seu suporte, são modelados com porções de substancias progenitoras, mas o interior, O Ori-Inú, é único representa o destino pessoal.

Ori-Inú do Aiyé reside no corpo, na cabeça de cada indivíduo, O Ori-Orun é venerado durante o Bori (adorar a cabeça) ele é invocado e os sacrifícios são oferecidos ao Ori-Inú, sobre a cabeça da pessoa.

Cada Ori é modelado no Orun, a porção de matéria progenitora com a qual é modelada cada cabeça constitui o Iporí da pessoa. Determinará o Orixá ou Irunmale que o indivíduo deverá adorar.

O Ipori é o que chamamos Oke Iporí.
Oke Iporí, é assim que ele é chamado e existe
Para cada ser humano, é como o local
Onde o rio começa seu curso e que chamamos Iporí Odo
A nascente de um rio, a origem de um rio
A partir da qual o pequeno regato se alarga e corre.
Assim também o é para os seres humanos. É ai que
O Orixá apanhará uma porção para criar as pessoas.
É assim que é chamado o Iporí das pessoas

O Orixá pega uma porção de palmeira para criar alguém. As pessoas dessa forma criadas a partir da palmeira deverão adorar Ifá.
Orixá pega um fragmento de pedra. Quando as pessoas dessa espécie nascem.
Deverão venerar Ogun.

Orixá pega uma porção de lama para criar outra espécie de pessoas. Essas pessoas não devem ser mentirosas. Porque Ogboni, Iyáa wa Oro Male são seus progenitores e serão seus protetores no Aiyé e constituirão seu Oke Ipori.

O Orixá pega uma porção de água para criar outra espécie de gente. Oşun, Yemanjá, Enrile, Oya, Ajé, Olókum constituirão seu Oke Iporí.

O Orixá se serve de brisa para criar outra espécie de gente quer dizer que Oranfé, Oya, Şango constituirão o seu Oke Ipori.

Ori cria cada um de nos
Ninguém pode criar Ori
Orixá pode mudar qualquer um da terra
Ninguém pode mudar Orixá.

Ajalá é o fazedor de todas as cabeças no Ode Orun. É um Orixá antigo ele modela Ori todos os dias e os põem no solo.

Eledá senhor dos seres viventes, se refere à entidade sobrenatural, que desprendeu uma porção d para criar um Ori.

Toda pessoa no momento de ser iniciada receberá dois assentos: o que representa seu Eleda, seu Orixá o dono de sua cabeça. E a que representa seu Eşu pessoal, seu Bara. Depois de “assentados” seus elementos individuais do Orun. Procede-se a preparação do corpo para que, à maneira de um “assento” vivo e através dele, possa ser invocado seu Orixá pessoal.

“A entrada de cada um na vida depende de se ajoelhar e escolher; antes do nascimento, o homem se ajoelha diante de Deus e escolhe sua sorte na vida”.

Todo o indivíduo, por trazer em si seu próprio Eşu, traz o elemento que lhe permitirá nascer, cumprir seu destino pessoal, reproduzir-se e cumprir seu ciclo vital.

O Ori, a gravidez e o nascimento de filhos são possíveis graças a atividade de Eşu. Quando os filhos chegam ao Aiyé, “a cabeça em primeiro lugar”.

O Ori é o que individualiza, será o primeiro a nascer e o último a expirar. O Ori será o primeiro a ser venerado pelo indivíduo, antes mesmo de seu Orixá.

Os Orixá não atendem a nenhum pedido do homem que não tenha sido sancionado por seu Ori.

Ori, representação de vida individualizada no Aiyé, nasce de um ventre fruto, trazendo em si, como o Bara que o acompanha, a combinação de progenitores e de destino individual.


A MORTE E A OFERENDA

A morte não significa a extinção total. Morrer é uma mudança de estado, de plano de existência. Cada criatura ao nascer traz consigo seu Ori, seu destino. Trata-se de assegurar que este se desenvolva e se cumpra.
A imortalidade, o eterno renascimento, de um plano de existência a outro deve ser assegurado.

O ser que completou com sucesso a totalidade de seu destino está maduro para a morte. Quando passa Aiyé para o Orun, transforma-se em ancestre e poderá ser invocado como Egun. Poderá participar na formação de novos seres, nos quais se encaminhará.

A morte prematura de alguém que não realizou seu destino, é considerada resultado de um castigo uma infração grave em seu relacionamento com as entidades sobrenaturais.

O sacrifício é destinado antes de tudo a enganar a morte. Enquanto as entidades apanham as oferendas (animais) não apanham a cabeça de algum de nos.

A oferenda evita a morte prematura, permite ao indivíduo realizar seu ciclo de vida e assegurar sua imortalidade. Devolvendo e fortalecendo as entidades sobrenaturais uma parte do Aşe do qual ele mesmo se nutre, assegura não só a própria sobrevivência e seu pleno desenvolvimento, mas também a possibilidade de futuros nascimentos, sua própria fecundidade e prosperidade.

A oferenda estabelece uma comunicação entre o Aiyé e Orun, entre a vida e a morte. Ela desenvolve e transfere ao grande útero fecundado a ambos os progenitores universais, não só seres humanos, mas tudo o que existe: o que caminha, o que anda de rastos, o que voa, o que nada, o que é selvagem, o que é doméstico. Cada entidade sobrenatural representa um elemento cósmico, social e individual, as suas oferendas deverão carregar elementos que restituam por intermédio do Orixá, a energia, o elemento, e a função representado por ele.

Se o Irunmale e cultuado representa um elemento feminino, as oferendas deverão lhe restituir fecundidade, as oferendas deverão lhe restituir “feminilidade” e compreender, fêmeas animais, se é um Orixá funfun, representando o branco, as oferendas deverão veicular o branco, aves de penas brancas, objetos ou substâncias brancas.
Nas obrigações anuais, dever-se-a oferecer o conjunto mais completo possível cujas substâncias refortalecerão o Aşe das entidades e do terreiro. A restituição de Aşe era veiculada por oferendas que devolviam aos progenitores as substâncias que lhes permitissem gerar novas vidas.

A combinação de oferendas susbtitui e representa não só os seres humanos, mas por extensão, tudo o que se desprende dos progenitores, principalmente aquelas espécies das quais se beneficia o ser humano.

A oferenda é uma restituição, garante o eterno renascimento. A restituição traz consigo uma destruição ou desintegração da vida. O Irunmale a quem se entrega uma oferenda se “nutre” simbolicamente e reabsorve as substâncias que mobilizarão o Aşe. A alma das vitimas degoladas ou dos objetos oferecidos e destruídos voltam a se juntar a entidade invocada.

A importância fundamental da desintegração. É o que precisamente constitui a oferenda. É a transformação de uma vida dotada de destino independente em seus elementos coletivos. É a perda da individualização, o refortalecimento e mobilização das forças e princípios coletivos.

Uma vez cumprido o ciclo de vida. Cada ser humano se desintegra para restituir-se nos Pais e reforçar o Aşe dos mesmos. Quanto mais a vida de um ser humano terá sido útil para a comunidade, mais seu Aşe será poderoso.

O corpo – ARA – que fora modelado com uma porção de lama devera reitegrar-se a terra. No momento que o ser humano expira, seu Emi, seu princípio de vida, desprende-se do seu corpo e volta para o Orun. A respiração que constitui o Emi reintegra-se a massa de Ar que lhe deu origem.

Uma vez enterrado, o corpo se decompõem, suas partes úmidas reintegram-se nas águas contidas na terra, sua carne e suas partes obscuras são absorvidas pela terra e suas partes brancas integram o giz.

O corpo se transforma e passa a integrar os elementos ou princípios fundamentais representados pelo branco, vermelho e preto. O Aşe integrado pelos três princípios e veiculado pela vida individual manterá em atividade, através da ação ritual, propulsionará as transformações .sucessivas e o eterno renascimento.


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